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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

NATAL





NATAL


Natal é nascimento
E há muito, muito tempo
Jesus nascia em Belém
Hoje...
Ai quantas mulheres dão à luz
Os seus meninos Jesus
Nessas terras de ninguém.
Porque a vida desbarata
Parem em bairros da lata
Vão parindo a céu aberto
Neste velho planeta
Por mais que o homem prometa
Sua vida é um deserto
E o êxodo acontece.
Vão-se afogando no mar
Ou nas caminhadas loucas
Impostas por mentes ocas
Que nunca as vão palmilhar.
Quantos ais soltos aos ventos
Quantos choros e lamentos
Quanta chegada gorada
Quantas lutas, quantos medos
Quantos meninos sem brinquedos
Num Natal sem consoada


BRÁZIA MONTEIRO

sábado, 10 de dezembro de 2016

NATAL


             Foto Daqui


Natal

Meu querido Jesus:
Aqui estou neste sítio pobre
Nesta rua fria
Com as árvores vermelhas
A anunciar a tua chegada.
Os anjinhos de estrelas
Que vieram a meu lado
Quando eu estava sentado naquela rocha
Disseram-me que não chorasse
Porque teria umas calças vermelhas
E uma camisola de lã branca.
Mas só tenho os pés roxos
Os dedos não os sinto.
Se me deixasses uma caixa de fósforos
Para me aquecer
Ou me levasses nos braços para o céu
Como se fosse um farrapo de neve
Essa era a minha melhor prenda de Natal.

Maria Rosa Colaço in "A criança e a vida"

sábado, 3 de dezembro de 2016

POEMA DE NATAL



                                                 Ampliar para ler

Durante todo o mês, só irão aparecer aqui poemas de Natal.  De algumas poetisas que já fazem parte desta galeria, ou de outras, ou até de meninas na escola que serão talvez o futuro da poesia no feminino. Porque não sei se já se aperceberam, mas são poucas as poetisas consagradas que escrevem sobre o Natal. Basta fazer uma pesquisa, e encontramos um ou mais poemas de Natal de todos os poetas conhecidos. Mas e de poetisas? Muito pouco, na maioria nada. Será porque enquanto os homens o descrevem, as mulheres vivem-no? Que pensam vocês que me visitam?
Comecemos então com LUÍSA DUCLA SOARES

terça-feira, 22 de novembro de 2016

PIEDADE ARAÚJO SOL





O fogo dos pássaros

Escondi-me no voo das aves
- estou nua de mim –
.
e choro
o choro da água- o sal a escorrer
desabando no  voo das penas.
.
e embalo a raiva do fogo
nos cabelos de trigo – seco
que se confundem na cor
das areias.
.
deixo a nudez
a sobrevoar o medo
.
e um dia vou (sem mim)
(no fogo do desejo)
.
© Piedade Araújo Sol, 2010-03-13



Biografia : 

A autora está presente no mundo dos blogues, que poderão visitar e deliciarem-se com os seus mais recente poemas. AQUI

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

FÁTIMA MALDONADO










Um Fado


Quem viu barcos

ir ao fundo

tem nos olhos a certeza

aposta firme na boca

rude descrença na reza


Quem viu barcos trazer escravos

munições e artifícios

figueira brava na costa

açoite preso no riso


Quem viu barcos

magoá-lo,

ferros, lavas e palmeiras

descrê santos e novenas
,
nega laços, destrói cercos
,
toma ventos por lareiras.








Biografia AQUI

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

PATRICIA LINS


CUMPLICIDADE

Eu quero um homem
Que me dê aquele abraço,
Que segure no meu braço,
Que me deixe arriada
Com olhar de mormaço...
Eu quero um homem
Que quando dance comigo
Me segure com força,
Que encoste umbigo com umbigo,
Que não me deixe cair.
Eu quero um homem
Que quando deite ao meu lado
Esqueça que esta cansado,
Que me acaricie com o lábio
E puxe com força meus cabelos pra trás.
Eu quero um homem
Que me dedique seu amor
Que só se aqueça ao meu calor,,
Que seja-meu cúmplice no dia-a-dia
Mas que viva comigo a Fantasia...
Eu quero um homem
Dominado e contente
Dominador e conivente
Com o crime irremediável e sem perdão
De se entregar a alguém, corpo e coração!
Mas sobretudo,
Oh!Senhor
Eu quero um homem
Que, em primeiro lugar,
Não tenha medo de se deixar amar...










Biografia, a autora está na net. 

AQUI encontra o seu blogue.

domingo, 30 de outubro de 2016

ALINE GALLINA







Aniversariante em oração
tenho urna pilha de nervos para resolver
Multa parafernalha solta na cabeça:
É prego
É pobre
É problema
pego o prego para começar
Bata! bato, bato... sem martelo ele não entra
-Parafuso pode ser?
para tudo, rodar deixa confuso
Tonto, com o fuso todo desnorteado
vejo a pilha, vejo o prego, não vejo o martelo e não quero
                                                                  o parafuso
Pronto. Recomeçando...
Ser pobre é um problema!
tem que fazer, tem que comer, tem que dormir,
                                               não tem nada nas mãos.
— Um martelo ajudaria!
não tem martelo não senhor, nem em mãos nem na estória.
o Senhor está no céu, junto dele quem mais? A família,
                                               os fiéis amigos...
eu não sou Senhor, sou Sozinho, filho da terra e é para
                                                        lá que eu vou.
Na terra tem tudo.
— puxa vida!
Puxa, puxa a vida que ela vem.
Vida pesada essa.
tenho dor nas costas, calos nos pés, mas tenho voz, tenho a força
                                                                  que me resta
dessa vida que eu já puxo há 56 anos completados no dia de hoje. passo a passo vou mais adiante, passo por poças, fundo de poços,
                                                                  perto, longe
passo por pontes e montes.
junto problemas, resolvo, junto mais problemas que antes.
A cabeça funciona, mas com muita parafernalha - prego, pobre,
                                                        ponte, passos —
Solta.
solto meu corpo...pesado!
meus olhos arregalados. Pisante do mundo, que anda
                                                        para a terra, é assim:
Daqui para frente é o resto da vida.





Biografia AQUI

sábado, 24 de setembro de 2016

ISABEL FERREIRA




De Lírios

Sacudi madrugada
Quaamantdespeitada
S
uporteo sonho promíscuo

Palavras na lavra
Oc
ultdtuboca
Perdem-se nas paredes do tecorpo ...

despertar
U
m prometido





Biografia AQUI

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

PATRÍCIA TENÓRIO



Detalhes (tão pequenos) de nós todos

Sou uma escritora
De aromas
Escrevente
De amores
Que tombam
Assim
Entre os meus braços
E caem
Assim
Sob os meus olhos
De amante da vida
Amante dos sonhos
Nos mínimos e mínimos detalhes


Biografia Daqui



Patricia (Gonçalves) Tenório escreve prosa e poesia desde 2004. Tem dez livros publicados, O major – eterno é o espírito (2005), As joaninhas não mentem (2006), Grãos (2007), A mulher pela metade (2009), Diálogos e D´Agostinho (2010), Como se Ícaro falasse (2012),  Fără nume/Sans nom (Ars Longa, Romênia, 2013), Vinte e um/Veintiuno (Mundi Book, Espanha, abril, 2016), e A menina do olho verde (livros físico e virtual, Recife e Porto Alegre, maio e junho, 2016), traduzido para o italiano por Alfredo Tagliavia, La bambina dagli occhi verdi, a ser publicado em setembro, 2016 pela editora IPOC – Italian Paths of Culture, de Milão.  Defendeu em 17 de setembro de 2015 a dissertação de mestrado em Teoria da Literatura, linha de pesquisa Intersemiose, na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, “O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde: um romance indicial, agostiniano e prefigural”, com o anexo o ensaio romanceado O desaprendiz de estórias (Notas para uma Teoria da Ficção), sob a orientação da Profª Dra. Maria do Carmo de Siqueira Nino, a ser publicada em outubro, 2016 pela editora Omni Scriptum GmbH & Co. KG / Novas Edições Acadêmicas, Saarbrücken, Alemanha. 










sábado, 20 de agosto de 2016

MARÍLIA KUBOTA




ESTE SILÊNCIO

este silêncio
é pra ser ouvido
como quem ouve
um velho amigo

como quem
põe sentido

e repercute
o menor ruído

este silêncio
é pra ser ouvido
contra o motor do avião
e placas de Proibido

pra ser ouvido
como quem anda pra trás
e acha divertido
viver por um triz

este silêncio
é pra ser cortado
por um pé de vento
e súbito cair abatido.


Biografia :  Não encontrei no google, nenhuma biografia da autora que no entanto tem vários livros publicados e está nas redes sociais. 
"Que nasceu em Abril de 1964, é jornalista e mestre em Estudos  Literários pela UFPR.
 Desde 2005 orienta oficinas de criação literária. Colaborou com publicações literárias do Brasil, Argentina, Portugal, França e Turquia. Publicou os livros de poesia micropolis (2014), Esperando as Bárbaras (2012) e Selva de Sentidos (2008) e organizou a antologia Retratos Japoneses no Brasil (2010) "  Isto foi tudo o que encontrei sobre a autora.

sábado, 13 de agosto de 2016

EDUARDA DUVIVIER






SETE

Sete donzelas dançaram
sete espadas se cruzaram
no mar revolto crispado
sete homens naufragaram
no fogo ardente envolvente
sete serpentes nasceram
sete sóis se desmancharam
nas nuvens ruivas do ar.
Sete profetas falaram
segredos de amedrontar
sete arco-íris fizeram
sete voltas pelo ar
sete lábios me beijaram
sete vezes com ardor
sete mãos me agarraram
me desfolharam no amor
sete centauros vieram
sete vezes me buscar.

Eu fui sonhando, sonhando

nos sete braços do mar.



Biografia:  AQUI


sábado, 2 de julho de 2016

VERA DUARTE






DESEJOS

Queria ser um poema lindo

cheirando a terra

com sabor a cana


Queria ver morrer assassinado

um tempo de luto

de homens indignos


Queria desabrochar

— flor rubra —

do chão fecundado da terra


ver raiar a aurora transparente


ser r´beira d´julion


em tempo de são João


nos anos de fartura d´espiga d´midje



E ser


riso


flor


fragrante


em cânticos na manhã renovada







Biografia AQUI

domingo, 26 de junho de 2016

EDUARDA CHIOTE















"OS PASSOS DA POESIA"





Deslizas pela delicadeza


com teus pés magoados

.
Por que caminhas agora sobre vidros,


por que exiges de ti essa aguda cautela?


Os céus teriam sido a morada, as areias finas


do nosso desencontro?


Soubera-o eu e ter-te-ia ajudado a não descalçar os sapatos.


As meias também


Deixar-te ficar com elas, durante o amor,


tem sido (foi sempre) um motivo de deleite.


De carinho.


Uma inclinação natural


de proteger-te.


Se te pintara, numa imensa e clara tela, começaria


por essa mancha: estremecida.


Estremecida!


Ia jurar que nunca te apercebeste de como posso,


em discrição, exceder-lhe os pormenores


– convocar o fascínio,


a cor, a textura; pressagiar-lhe os passos de um suor doloroso.


Por que permiti, então, o caminhares por lugares


penosos?


Não mo perdoo.


Agora que os aperfeiçoas na fuga, espero bem poder acolhê-los


como pombas,


lavar-tos com a imaginação perfumada


das nuvens,


o olhar atento ao delicado equilíbrio, no quadro,


da moldura.


Anunciavam já, no tempo em que ao meu encontro


corriam, esse enredo de minuciosas


dores? – Quais? As de viver? O competente espaço


onde os acolho para a frescura da relva


por nascer?



Biografia AQUI