escuta
calado
a proposta rude
deste meu
ciúme:
vou cercar tua boca
com arame farpado
pôr cerca elétrica
ao redor dos braços
na envergadura
pra bloquear o abraço
vou serrar teus sorrisos
deixar apenas os sisos
esculhambar com teus olhos
furá-los com farpas
queimar os cabelos
no pau acendo uma tocha
que se apague apenas
ao sinal da minha xota
finco no cu uma placa
"não há vagas, vagabundas"
na bunda ponho uma cerca
proíbo os arrepios
exceto os de medo
e marco no lombo, a brasa,
a impressão única do meu dedo.
A poetisa apresentada por ela própria no "Portal literal"Nasci em Belo Horizonte, na madrugada de 27 de agosto de 1975. Sou mineira convicta, mas também não tive muita opção. Todos os impostos absurdos que meu pai pagou foram convertidos em educação estadual, municipal e federal para os quatro filhos, inclusive eu, que me formei em Letras na UFMG, fiz mestrado em Lingüística e vou cursando, sacrificadamente, meu doutorado na mesma área. Mas a faculdade não me fez gostar de literatura mais do que eu já gostava, quando lia em média cem livros por ano durante a adolescência. E não eram infanto-juvenis paradidáticos. Eram aqueles nomes que a literatura conhece e dá aval. Chorei quando li "Germinal" e quando li "Grande Sertão: Veredas", depois, nunca mais. Escrevo para mim desde que ganhei uma agenda do Garfield, em 1986. Em 1993, um namorado leitor me disse que o que eu escrevia não era muito ruim. Publiquei um poema, pela primeira vez, no maior jornal mineiro, em 1994. Gostei do sabor de ver minhas idéias devassadas. Publiquei um primeiro livro, o "Poesinha", em 1997. O segundo livro veio pela Ciência do Acidente, "Perversa", em 2002. Em 2003, produzi a obra-prima da minha vida, o Eduardo, em co-autoria com Jorge Rocha, escritor fluminense e sedutor de escritoras. Desde que o Edu nasceu, venho gestando uns contos, também sob influência da literatura irônica e fina da Ivana Arruda Leite. O próximo livro se chama "Meu Amor é Puro Sangue", a sair pela editora Altana. Os poemas me fugiram, embora, às vezes, me dê uma sensação de formigamento nas mãos. Os minicontos têm sido mais parecidos com as convulsões que me acometem vez ou outra. No momento, estou lendo Ivana Arruda Leite, para refrescar minha memória de mulher.