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sábado, 31 de dezembro de 2022

FELIZ ANO NOVO

 



Infelizmente para todos nós, os últimos anos têm-se sucedido com a rapidez de um raio trazendo consigo, as guerras, as lutas pelo poder, as doenças, as tragédias climáticas e humanas que todos conhecemos.

Mas cada vez que um ano chega ao fim, os nossos corações enchem-se de esperança, de que o próximo seja melhor, não só para nós, mas também para toda a humanidade. Sonhamos com um mundo, onde a Paz substitua a Guerra, o Amor tome o lugar do Ódio, a Saúde prevaleça sobre todos os vírus, para toda a humanidade, a par dos nossos sonhos mais pessoais, um novo emprego, aquela viagem de sonho que adiamos há anos, os filhos, ou os netos que irão alargar a família e encher de alegria os nossos corações.

E  porque a esperança é a última a morrer, agora que este ano chega ao fim,  eu desejo para cada um de vós, que 2023 seja aquele ano mágico, com que sempre têm sonhado.

Aproveito para agradecer a todos a paciência e o carinho que me têm dedicado neste que tem sido um ano muito difícil a nível de saúde, não apenas meu, mas daqueles que trago no coração. 

Bem Hajam!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

MENSAGEM DE NATAL




A todos os amigos e amigas, que ao longo do ano me

 distinguiram e honraram com a vossa visita e amizade, na

 impossibilidade de vos visitar a todos nos vossos cantinhos, 

por causa dos meus "faróis" que ultimamente não me têm dado 

descanso, e me fazem andar em permanente nevoeiro, que nem D. 

Sebastião, desejo que tenham um Santo e Feliz 

Natal, com muita saúde, amor e muita alegria, mesmo que as a vida

não esteja fácil e as prendas não abundem. Quando os anos 

passarem, as vossas memórias de ouro, não serão as prendas, mas a 

alegria das crianças, o sorriso compreensivo dos mais 

velhos, o abraço de quem há tempos não se via.



FELIZ NATAL



domingo, 18 de dezembro de 2022

HENRIQUETA LISBOA

 


Natal

Vejo a estrela que percorre
a noite larga.
Vejo a estrela que perturba
fundos mares.
Vejo a estrela que revela
a eternidade.
Mas para onde foi a estrela
contemplada?
Para onde foi no momento
mais amargo?
Em que cimos ora habita
que debalde
a procuro nestas frias
orvalhadas?
Vejo a estrela – tão de súbito! – ao meu lado.
Vejo os olhos do Menino
desejado.
Henriqueta Lisboa
Nova Lírica, 1971

Biografia AQUI

domingo, 11 de dezembro de 2022

VERSOS DE NATAL- ÂNGELA LUGO


 

VERSOS DE NATAL




Termina um ano entra novo ano
Foram décadas e séculos
E, ele aqui presente
Há mais de dois mil anos
Nunca se ausentando
Do coração da gente

Todos comemoram aniversário
O único que não comemora
É ele que nasceu, morreu
E nos convenceu
A celebrar por ele
Jesus!

O Natal existe
Então peçamos uma magia
Que neste ano haja alegria
Que a tristeza seja despedida
A saudade recolhida
A maldade extinguida

Vamos celebrar o Natal
Sem qualquer engano
Aflorando o lado humano
Abrindo à alma e o coração
Deixando os bons fluidos entrarem
Dando um brilho novo na vida

Ângela Lugo

domingo, 4 de dezembro de 2022

NATÁLIA CORREIA - FALAVAM-ME DE AMOR

 



Falavam-me de Amor


Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas, 

menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.

O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado. 


O Dilúvio e a Pomba 
Lisboa, Publicações D. Quixote, 1979

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

ALDA LARA - NOITE



NOITE

Noite
a angústia dos teus lábios
esvoaça
pelo meu corpo
como fria aragem…

e toda a música
que os meus ouvidos ouvem
não é mais
que a dos loucos búzios enganadores

cerro as mãos
para guardar
esse murmúrio
quasi nada…

e com elas cerradas
permaneço até
que a madrugada
rompa…


Alda Lara é uma das minhas poetas preferidas, por isso já publicada algumas vezes, mas nunca me canso de a ler. Espero que vocês gostem. Por isso a biografia dela já foi publicada.



domingo, 20 de novembro de 2022

ANDREA PAES - TENHO SAUDADES





 

Tenho  saudades


Tenho saudades

do tempo em que
o mundo era pequeno.

Era só ali.

E eu cabia nos ramos
das acácias

e não sabia do longe que existia.

só do perto
que sentia.


Biografia AQUI


domingo, 13 de novembro de 2022

ANA JÚLIA MACEDO SANÇA - É URGENTE O AMOR

 


É Urgente o Amor


A luz que a chama me prende
No caminho rude que meus pés me levam
E que meus olhos alcançam distâncias...
Mesmo no insólito, continuo resistindo
As notícias chegadas de todo o canto da terra
Ao encontro implacável do homem com a natureza
O sopro frio do vento, enrijecendo os caracteres
No perfil duro e fixo de cada ser
Milhares de lágrimas repartidas em cada pálpebra...
É urgente e necessário que se combata o mal
É tempo de solidarizar e construir o bem
Ainda é tempo de inventar o Amor.


Ana Júlia Sança é uma poeta cabo-verdiana que já está neste blog desde 2008 e portanto também a sua biografia. AQUI

domingo, 6 de novembro de 2022

FERNANDA GUIMARÃES - POEMA PARA UMA SAUDADE


 Poema para uma saudade


Tudo em mim és tu
Quando a solidão cala-me a voz
E o olhar debruça-se sobre o mistério
Onde o amor e o sonho
Sussurram-me o que tanto sei
Uma intuição de gestos flagra-me os segredos
Anunciando-te no horizonte da saudade
Em vão interroga-me a tarde morna
Enquanto os abraços aconchegam-me em lembranças
E apenas o silêncio responde a minha inquietação
Para além de mim
Onde se cruzam pensamentos e anseios
Volta-se o meu olhar
Como se pronunciasse o teu nome
Cobre-se o céu em vigília
Com o manto negro da noite
Como se também ele aguardasse
O som dos teus passos
Para iluminar todo o meu universo



Fernanda Guimarães


Biografia AQUI

domingo, 30 de outubro de 2022

ADA CIOCCI CURADO - ACALANTO


 Acalanto



Vai amado. 
Busca por onde quiseres, 
com quem quiseres, 
como quiseres, 
o prazer. 
Até mesmo, 
aquele prazer que um dia alguém apelidou de amor. 
E, 
se por acaso te cansares 
e, 
do compromisso que um dia nos uniu te lembrares, 
se desejares, 
volta. 
Serei a que conforta. 
Não saberás da dor, 
da saudade, 
das lágrimas sentidas que tua ausência causou. 


In Acalanto, 1991


Biografia AQUI

domingo, 23 de outubro de 2022

VIVIANE MOSÉ - SEM CABIMENTO





 Sem cabimento



Queria escrever todas as plantas e pessoas, todos os rios
Os muros, as cores, os homens.
As senhoras de idade, as caixas do correio, os espanhóis.
Os olhos e as ruas, os tamanhos e larguras, as alturas.
As pernas, os falos, os pelos, os pulsos.

Queria escrever o ritmo das pedras, das estradas calçadas.
Das margaridas. Escrever o que manda e o que obedece.
O que cresce e o que padece de amparo. O que afunda,
O que eclode. Escrever o que não sabe e o que não cabe
Em lugar nenhum.

E viver a escrita das coisas. Não as coisas
Que não me cabem. Coisas e pessoas não me cabem
E sem cabimento me atravessam.
Pessoas passam depressa demais entre meus poros. E vão.
Eu tenho uma imagem presa na garganta.
Ser gente me arranha. Quero voltar a ser palavra.


 em "Pensamento Chão".
Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2000.

Viviane Mosé  é uma poeta já repetente neste espaço, a biografia já foi publicada na primeira postagem

domingo, 16 de outubro de 2022

GLÓRIA DE SANT'ANNA - MATERNIDADE






 Maternidade



Olho-te: és negra.
Olhas-me: sou branca.
Mas sorrimos as duas
na tarde que se adianta.

Tu sabes e eu sei:
o que ergue altivamente o meu vestido
e o que soergue a tua capulana,
é a mesma carga humana.

Quando soar a hora
determinada, crua, dolorosa
de conceder ao mundo o mistério da vida,

seremos tão iguais, tão verdadeiras,
tão míseras, tão fortes
E tão perto da morte...

que este sorriso de hoje,
na tarde que se esvai,
é o testemunho exato
do erro das fronteiras raciais.

Dos nossos ventres altos,
os filhos que brotarem
nos chamarão com a mesma palavra.

E ambas estamos certas
– tu, negra e eu, branca –
que é dentro dos nossos ventres
que germina a esperança.


Glória de Sant'Anna,
In Um Denso Azul Silêncio, 1965

Biografia  AQUI

terça-feira, 11 de outubro de 2022

FERNANDA DE CASTRO - O SEGREDO É AMAR


 O Segredo é Amar



O segredo é amar. Amar a Vida 
com tudo o que há de bom e mau em nós. 
Amar a hora breve e apetecida, 
ouvir os sons em cada voz 
e ver todos os céus em cada olhar. 

Amar por mil razões e sem razão. 
Amar, só por amar, 
com os nervos, o sangue, o coração. 
Viver em cada instante a eternidade 
e ver, na própria sombra, claridade. 

O segredo é amar, mas amar com prazer, 
sem limites, fronteiras, horizonte. 
Beber em cada fonte, 
florir em cada flor, 
nascer em cada ninho, 
sorver a terra inteira como o vinho. 

Amar o ramo em flor que há de nascer, 
de cada obscura, tímida raiz. 
Amar em cada pedra, em cada ser, 
S. Francisco de Assis. 

Amar o tronco, a folha verde, 
amar cada alegria, cada mágoa, 
pois um beijo de amor jamais se perde 
e cedo refloresce em pão, em água! 


Fernanda de Castro,
in "Trinta e Nove Poemas" , 1942


Fernanda de Castro, é uma poeta repetente neste blog. Já por aqui andou em 2008 e em 2016



domingo, 2 de outubro de 2022

LUIZA NETO JORGE

 


Anos Quarenta, os Meus

De elétrico andava a correr meio mundo
subia a colina ao castelo-fantasma
onde um pavão alto me aflorava muito
em sonhos à noite. E sofria de asma
alma e ar reféns dentro do pulmão
( como um chimpanzé que à boca da jaula
respirava ainda pela estendida mão ).
Salazar três vezes, no eco da aula.
As verdiças tranças prontas a espigar
escondiam na auréola os mais duros ganchos.
E o meu coito quando jogava a apanhar
era nesse tronco do jardim dos anjos
que hoje inda esbraceja numa árvore passiva.
Níqueis e organdis, espelhos e torpedos
acabou a guerra meu pai grita "Viva".
Deflagram no rio golfinhos brinquedos.
Já bate no cais das colunas uma
onda ultramarina onde singra um barco
pra Cacilhas e, no céu que ressuma
névoas águas mil, um fictício arco-
-iris como é, no seu cor-a-cor,
uma dor que ao pé doutra se indefine.
No cinema lis luz o projetor
e o FIM através do tempo retine.

Luiza Neto Jorge

Biografia AQUI

terça-feira, 27 de setembro de 2022

ELVIRA CARVALHO



Louca Perigosa


Deixem-me ir para a rua
quero gritar
chorar
cantar.
Quero levantar bem alto
a bandeira
do desespero.

Quero rir-me de ti
de mim
de todos nós.
Quero que os bandidos
chorem
a dor
e a vergonha
de o serem.

Quero dar pão
A quem tem fome
e dar água aos sedentos.
Quero dar amor
carinho
ternura
a quem vive só.

Quero sofrer com o presidiário
e sorrir feliz com os noivos.
Quero dar um lar aos órfãos
E trabalho a quem o procura.
Quero que todos os políticos
unam esforços
numa aliança firme
por um mundo melhor.

Quero acabar com o terrorismo
e as penas de morte.
Quero acabar com a fome
a poluição,
e a guerra.

Deixem-me ir para a rua
Deixem-me erguer bem alto
a minha bandeira.
E escrevam depois nos jornais
Que anda por aí à solta
Uma louca perigosa.


Elvira Carvalho 

in  "perdidamente" vol III páginas 179/180

domingo, 18 de setembro de 2022

NINA RIZZI










lastro



a poesia dizia que a gente não ia mais parar
de se olhar. nunca mais, nunca mais.
e eu não li mais nada. quiçá vi ouvi. amiúde

deixei de me derramar também. hoje,

eu dou umas risadinhas como as suas. umas
risadinhas assim, meio de leve, de olhar buendía. de você
peguei isso, assim, sem querer. você

me dá vontade de chorar


- Nina Rizzi, no livro "tambores pra n'zinga". são paulo: editora multifoco, 2012.


Biografia AQUI

domingo, 11 de setembro de 2022

BETH BRAIT ALVIM

 


OUTONO

 

quando era jovem

a dor doía

horizontal

 

bastava o pôr-do-sol

e os dias não eram iguais

hoje o outono escorre nos vitrais

e no outono a dor é

vertical

 

trajo vestes escuras

e baixo os olhos quando vejo o

horizonte

 

assim a dor

afunda meus pés no chão

amarra o nariz ao queixo

e a boca cerrada rumina terra



Beth Brait Alvim (São Paulo/SP) - Poeta, contista e ensaísta, com atuação em teatro, cinema e vídeo, políticas culturais e ação cultural. Bacharel em Letras Neo-latinas (Português, Latim, Francês) com Licenciatura Plena em Língua e Literatura Luso-brasileira e Língua e Literatura Francesa, pela FFLCH da USP. Especializou-se em Ação Cultural pela ECA – USP. Tem Extensão Universitária em Antropologia do Imaginário pela ECA-USP, e pelos Seminários Avançados sobre a Modernidade: a literatura e a Filosofia do século XX e pelos Seminários Avançados sobre a Pós-modernidade, ambos pela FSA- Fundação Santo André, PMSA, Casa da Palavra e Escola Livre de Literatura de Santo André. Autora de vários livros e antologias, onde se destaca: Visões do Medo (Escrituras Editora, 2007), Ciranda dos tempos – espaços do desejo (2ª edição/Escrituras Editora, 2005)

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

LILA RIPOLI




PEDIDO

Não me falem de tristezas
que eu as conheço de cor.
Falem-me sim de alegrias,
que tem um gosto melhor.

De tristezas — o meu peito
gastou anos a chorar.
Tirei um curso de mágoas.
Ninguém me pode ensinar.

Biografia AQUI

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

JULIA LOPES DE ALMEIDA

 


A laranjeira

Perfumada laranjeira,

Linda assim dessa maneira,

Sorrindo à luz do arrebol,

Toda em flores, branca toda

– Parece a noiva do Sol

Preparada para a boda.

E esposa do Sol, que a adora,

Com que cuidados divinos

Curva ela os ramos, agora!

E entre as folhas abrigados,

Seus filhos, frutos dourados,

Parecem sois pequeninos.

Júlia Lopes de Almeida


Biografia AQUI

domingo, 21 de agosto de 2022

ROSALIA DE CASTRO

 







SOMBRA  NEGRA

Quando penso que você está fugindo,
sombra negra que me espanta,
ao pé da minha cabeça, você
volta zombando de mim.


Se eu imagino que você se foi,
no mesmo sol você olha,
e você é a estrela que brilha,
e você é o vento que sopra.

Se eles cantam, você é quem canta,
se eles choram, você é quem chora,
e você é o murmúrio do rio                                                                                         e você é a noite e a aurora.


Em tudo você é e você é tudo,
para mim em mim você mora,
você nunca me abandonará,
sombra que sempre me surpreende.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

LICÍNIA QUITÉRIO


                                         

foto de Licínia Quitério




Poema 


Há homens que atravessam a rua
sem olhar
Levam nos ombros pedaços da noite
e não há cor que os vista
São homens cinzentos 
indiferentes ao sol ou à borrasca
Quem os vê diz
ali vão os homens tristes
mas nem eles sabem o tamanho
da tristeza ou da improvável alegria
O chão da rua conhece
a cadência incerta
a leveza ausente
dos passos destes homens
Há quem lhes chame homens de bruma
porque vagos são
os seus contornos
Virá uma manhã sem homens tristes
Ninguém perguntará
para onde foram
Alguém escreverá a sua história
no livro branco
do esquecimento
A rua permanece

Licínia Quitério


Biografia

Licínia Correia Batista Quitério, nasceu em Mafra, em 30 de janeiro de 1940. Foi professora, tradutora, correspondente comercial.

Tem editadas as obras de poesia Da Memória dos Sentidos (2005); com prefácio de José Fanha, De Pé sobre o Silêncio (2008), com prefácio de Hélia Correia; Poemas do Tempo Breve (2011), com prefácios de Joaquim Pessoa e Cristina Carvalho; Os Sítios, 2012; O Livro dos Cansaços (2015). Em prosa publicou Disco Rígido (2013) Disco Rígido - volume II (2015).

Mantém dois blogues, desde 2006, O Sítio do Poema e Outros Sítios. Tem colaborado em jornais e revistas. Diz poesia e ensina a dizer. Organiza tertúlias com poetas convidados.