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domingo, 26 de junho de 2016

EDUARDA CHIOTE















"OS PASSOS DA POESIA"





Deslizas pela delicadeza


com teus pés magoados

.
Por que caminhas agora sobre vidros,


por que exiges de ti essa aguda cautela?


Os céus teriam sido a morada, as areias finas


do nosso desencontro?


Soubera-o eu e ter-te-ia ajudado a não descalçar os sapatos.


As meias também


Deixar-te ficar com elas, durante o amor,


tem sido (foi sempre) um motivo de deleite.


De carinho.


Uma inclinação natural


de proteger-te.


Se te pintara, numa imensa e clara tela, começaria


por essa mancha: estremecida.


Estremecida!


Ia jurar que nunca te apercebeste de como posso,


em discrição, exceder-lhe os pormenores


– convocar o fascínio,


a cor, a textura; pressagiar-lhe os passos de um suor doloroso.


Por que permiti, então, o caminhares por lugares


penosos?


Não mo perdoo.


Agora que os aperfeiçoas na fuga, espero bem poder acolhê-los


como pombas,


lavar-tos com a imaginação perfumada


das nuvens,


o olhar atento ao delicado equilíbrio, no quadro,


da moldura.


Anunciavam já, no tempo em que ao meu encontro


corriam, esse enredo de minuciosas


dores? – Quais? As de viver? O competente espaço


onde os acolho para a frescura da relva


por nascer?



Biografia AQUI

4 comentários:

chica disse...

Mais uma poesia linda, bem escolhida! Já te vi lá nos teus céus, tão lindos...Que bom ter essa sacada, não? bjs, chica, lindo dia!

Cidália Ferreira disse...

Fantástica escolha, amei

Beijos e um resto de um bom Domingo

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

CÉU disse...

Este poema não é de fácil entendimento, pelo menos para mim e depois de o ler umas quatro vezes, fiquei sem perceber o que nos queria, exatamente, transmitir Eduarda Chiote, cuja biografia já consultei.

Não sei se o texto poético é dedicado à poesia ou ao amado, ou talvez seja uma mistura, uma fusão dos dois.
Fazer amor de meias? Caricato, no mínimo, mas há quem tire disso prazer, sim, porque não somos todos iguais.
Perguntas ao longo do poema, talvez para o leitor pensar, ou dúvidas da própria poetisa.

Beijos, Elvira e boa semana.

Maria Rodrigues disse...

Excelente escolha, um poema delicado e belo.
Beijinhos
Maria