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domingo, 26 de novembro de 2023

ESTHER MARIA OSSES - LAGO, VAMOS BRINCAR



 LAGO, VAMOS BRINCAR

– Lago, vamos brincar.
Eu o marinheiro,
tu o mar.

Eu ponho o barco,
tu o vento,
tu as ondas,
eu o timão.
Tu as ondas e o vento,
eu a canção.

– Falta uma coisa. A estrela.
Sim ela
quem vai te guiar?
Sem uma estrela não há viajante,
nem marinheiro, nem mar.

– Eu ponho o barco,
tu o vento,
tu as ondas,
Eu o timão;
Tu as ondas e o vento,
eu, a estrela e a canção.

Biografia
AQUI

domingo, 19 de novembro de 2023

ALAÍDE FOPPA - DESTERRO




DESTERRO

A minha vida
é um desterro sem retorno.
Não teve casa
minha errante infância perdida,
não tem terra
meu desterro.
A minha vida navegou
em barco de nostalgia.
Vivi à margem do mar
olhando o horizonte:
tornava minha casa ignorada
um dia pensava em zarpar,
e a pressentida viagem
me deixou em outro porto de partida.
É o amor, acaso,
o meu último cais?
Oh braços que me fizeram prisioneira,
sem me dar abrigo…
Também quis escapar
do cruel abraço.
Oh braços fugitivos,
que em vão buscaram minhas mãos…
Incessante fuga
e anseio incessante
o amor não é porto seguro.
Já não há terra prometida
para a minha esperança.


Alaíde Foppa, já faz parte desta casa, pelo que a sua biografia já foi publicada.

domingo, 12 de novembro de 2023

FRANCISCA JÚLIA DA SILVA - MUSA IMPASSÍVEL

 

Charles Meynier ( 1768 - 1832)Erato, Musa da Poesia


Musa Impassível

Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero 

Luto jamais te afeie o cândido semblante!

Diante de Jó, conserva o mesmo orgulho; e diante

De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.

Em teus olhos não quero a lágrima; não quero

Em tua boca o suave e idílico descante.

Celebra ora um fantasma anguiforme de Dante,

Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.

Dá-me o hemistíquio d’ouro, a imagem atrativa

A rima, cujo som, de uma harmonia crebra,

Cante aos ouvidos d’alma; a estrofe limpa e viva;

Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos,

Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,

Ora o surdo rumor de mármores partidos.

Francisca Júlia da Silva
Biografia AQUI

domingo, 5 de novembro de 2023

ROSÁLIA DE CASTRO - UMA VEZ TIVE UM PREGO

 


UMA VEZ TIVE UM PREGO

Uma vez tive um prego
cravado no coração
e não me lembro mais se era aquele prego
de ouro, de ferro ou de amor.
Só sei que me doeu tão profundamente,
que me atormentou tanto,
que chorei dia e noite sem cessar
como Madalena chorou na Paixão.
“Senhor, tu podes fazer tudo
”, pedi a Deus uma vez, “
dá-me coragem para remover o
prego de tal condição com um só golpe”.
E Deus me deu, arranque-o.
Mas... quem diria?... Depois
não senti mais tormento
nem sabia o que era dor;
Eu só sabia que não sei o que estava faltando
onde faltava o prego,
e talvez... talvez eu tivesse solidão
daquela dor... Meu Deus!
Esta lama mortal que envolve o espírito,
quem a compreenderá, Senhor!...

BIOGRAFIA AQUI

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

VIRGINIA VITORINO -UMA VEZ


UMA VEZ

Ama-se uma vez só. Mais de um amor
de nada serve e nada o justifica.
Um só amor absolve, santifica.
Quem ama uma só vez ama melhor.

Qualquer pessoa, seja lá quem for,
se a uma outra pessoa se dedica,
só com essa ternura será rica
e qualquer outra julgará pior...

Há dois amores? Qual é o verdadeiro?
Se há segundo, que é feito do primeiro?
Esta contradição quem foi que fez?

Quem ama assim julga que amou;
mas pode acreditar que se enganou
ou da primeira ou da segunda vez? 

Biografia AQUI