LIBERDADE
Ontem
Olhavas e fingias que não vias.
Os órfãos e viúvas de guerras inglórias
O desespero dos emigrantes clandestinos
As terras abandonadas ao sabor da fome
A força-sacrifício dos ideais feitos homens
Encerrados e torturados nas prisões do meu país.
Acordaste numa manhã de Abril
E ficaste arrepiado…
Porque nas nossas mãos
O sangue era cravo rubro.
Nas nossas gargantas
O medo era um hino à Liberdade.
Os nossos braços,
Enlaçavam-se na esperança do momento.
Acordaste...
E como quem muda de camisa
Puseste-te ao nosso lado.
Era o tempo
De fingires ser democrata.
Os anos passaram
Com a liberdade por companheira
Entre avanços e recuos,
Fomos fazendo a nossa história
E tu
Como joio insidioso abafando o trigo
Ias minando a caminhada.
Encerrando escolas
Fechando fábricas
Cortando subsídios
Empurrando-nos para a emigração
Aprisionando os nossos sonhos
O desespero e desencanto
Fomentando a descrença
Entre o Povo
Agora largaste a máscara
E ameaças voltar.
Mas hoje
O povo conhece o sabor
Da Liberdade.
Distingue-lhe o sal das lágrimas,
O odor do sangue derramado
Daqueles que por ela
Deram a vida.
E não se deixa enganar!
Elvira Carvalho