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sexta-feira, 22 de junho de 2018

MARIA HELENA BOTA GUERREIRO


Durante um tempo , e à semelhante do que já fiz com Alda Lara, vou homenagear neste espaço uma poetisa do Barreiro, que conheci nos idos anos 70, infelizmente já falecida. Espero que vos agrade tanto, quanto a mim. Por Favor cliquem no poema para ampliar.



Biografia
Maria Helena Bota Guerreiro, nasceu no Barreiro, a 23 de Janeiro de 1924. Iniciou-se na poesia aos 10 anos. Foi premiada 35 vezes em Jogos Florais e vários Certames literários. Grande parte da sua obra encontra-se espalhada por inúmeras coletâneas de Poesia Publicou o seu primeiro livro, "BRISAS E NORTADAS" em 1967. Dedicou 25 anos ao ensino primário, tendo pelas crianças uma grande ternura.Viria a falecer a 14 de Fevereiro de 2007



quinta-feira, 14 de junho de 2018

MARIA HELENA AMARO







BONECA DE TRAPOS

Minha boneca de trapos
Feita de muitos trapinhos...
Minha boneca de trapos
De pernitas de madeira
De olhos pintados de Azul
De cabelos de cordel
De vestidinhos de chita
Com lacinhos cor de rosa
Minha boneca de trapos
Com saiotes de papel...

Eras feia, muito feia
Pobrezita e andrajosa
Mas o brinquedo mais belo
Da minha infância ditosa!


Maria Helena Amaro
In, «Maria Mãe», 1973



Biografia.  AQUI

OU  AQUI

domingo, 10 de junho de 2018

10 DE JUNHO DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES


                                                         


VENHO CONTAR-TE ESTRANGEIRO



Venho contar-te estrangeiro
do meu país
Portugal
Aos teus olhos tão estranhos vou mostrar-te,
as aldeias esquecidas do interior,
onde os campos raquíticos
 não dão pão.
Terras,só terras desertas,
sem escolas
sem homens,
que já se cansaram da fome
herdada
desde longínquas gerações.

Venho contar-te estrangeiro
do meu país
Portugal.
Aos teus olhos velados da cegueira,
das campanhas turísticas.
Aos teus olhos que erram pelas praias,
e cidades
banhadas pelo sol.
Venho contar-te estrangeiro
as horas de incerteza e de angústia,
vividas pelo meu povo
que outrora dominou os mares
e mais tarde pela fome,
foi por ele escravizado.
E...venho contar-te mais
desta terra onde nasci...
Onde os homens nasciam
viviam
e morriam
sem consciência de terem vivido.
Terra de homens-escravos.
Escravos do tempo
das máquinas
do dinheiro
até da própria Vida.

Venho contar-te estrangeiro
do meu país
Portugal.
Deste país que já não é, só de poetas
porque um dia,
um punhado de homens acordou
quebrou as amarras do medo e lutou.
Era Primavera e os cravos floriram.
Na terra dos homens-escravos,
a Revolução nasceu.

Hoje...
quando o desalento mata a esperança
quando os nossos filhos estão ausentes
procurando nas vossas terras
uma vida melhor.
E devorados pela saudade
nós envelhecemos solitários
segurando nas mãos as pétalas secas
dos cravos da nossa esperança.
Hoje... quando os políticos
 se esquecem dos sonhos,
reféns do poder,
escravos de escusos interesses.
Hoje...
Venho falar-te  estrangeiro,
Da minha raiva, do meu desalento.
Ah! como eu queria acordar este país
com a revolta que me rasga o peito
e gritar
EU QUERO UM PORTUGAL DIFERENTE
Para meus filhos e netos!


Elvira Carvalho