Queria ser um poema lindo
cheirando a terra
com sabor a cana
Queria ver morrer assassinado
um tempo de luto
de homens indignos
Queria desabrochar
— flor rubra —
do chão fecundado da terra
ver raiar a aurora transparente
ser r´beira d´julion
em tempo de são João
nos anos de fartura d´espiga d´midje
E ser
riso
flor
fragrante
em cânticos na manhã renovada
do chão fecundado da terra
ver raiar a aurora transparente
ser r´beira d´julion
em tempo de são João
nos anos de fartura d´espiga d´midje
E ser
riso
flor
fragrante
em cânticos na manhã renovada
Vera Duarte
(Vera
Valentina Benrós de Melo Duarte Lobo de Pina)
nasceu em Mindelo, S. Vicente. É Juíza Desembargadora.
Exerceu até Março de 2010 as funções de Ministra da Educação e Ensino
Superior, foi Presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e
Cidadania, Conselheira do Presidente da República e Juíza Conselheira do
Supremo Tribunal de Justiça. Como poeta, estreou-se na publicação com a obra
poética Amanha Amadrugada (1993), a que se seguiram O Arquipélago
da Paixão (2001), Preces e Súplicas ou os Cânticos da Desesperança
(2005). Tem também variada colaboração em prosa e poesia em jornais,
revistas e obras colectivas nacionais e internacionais. Destas cabe destacar
entre outras: Across the Atlantic: An Anthology of Cape Verdean
Literature (1988), Mirabilis de Veias ao Sol (1998), Antologia
da poesia feminina dos PALOP (1998), Na Liberdade (2004),
Destino de Bai (2008) e Portuguesia Contraantologia (2009).
Aqui encontram mais informações sobre a autora e outros poemas.
Aqui encontram mais informações sobre a autora e outros poemas.