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domingo, 28 de agosto de 2011

QUANDO UM COMENTÁRIO VIRA POST



AS MÃOS DA MULHER


Vestem necessitados,
ensinando a bondade.
Dão o exemplo,
ensinando o amor.
Embalam o berço,
ensinando a ternura.
Indicam o caminho,
ensinando a decidir.
Preparam alimentos,
ensinando a repartir.

Erguem as mãos,
ensinando a orar.
Abrigam o aflito,
Ensinando a esperança.
Enxugam a lágrima,
ensinando a compartilhar.
Constroem a família,
ensinando a confiar.
Plantam flores,
ensinando a trabalhar.

Ivone Boechat


Teve este blogue a honra de ser visitado  por uma das poetisas nele representada  que à laia de comentário me deixou este belo poema. Espero que gostem
Para a autora o meu muito obrigada. 


tenham uma boa semana

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ELIANA MORA



Redenção


Quando chego
a sonhar que voei
de verdade
sonhei mais do que voei
[na realidade]
E quando vou abrir os olhos
sem sequer tê-los
fechado
deparo-me com grades
de brinquedo
[que se abrem na
maior facilidade]
Mas que parecem
feitas da argamassa escura
de Shawnshank
[ficção]
ou de Alcatraz
[realidade]
E no entanto vejo
o sol acordar
na minha janela
mostrando de maneira
nem discreta
nem singela
que de fato não estou
numa prisão

E me pergunto
se cheguei a acreditar
um dia
em sair da extrema
fantasia
de me livrar destas paredes
[me livrar deste chão]
Liberdade muitas vezes
é feita com parceiros
uma coisa
que parece
entrar em choque
Com o visgo
que nos liga a muitos
[e invisíveis]
carcereiros



Biografia


Eliana Mora  nasceu no Rio de Janeiro.  Jornalista  trabalhou em revista,  na radio e TV e faz assessoria de imprensa.
Faz parte do movimento modernista Poetrix, com uma antologia já editada, e do grupo Escritas com duas antologias. Em 2003 publicou o seu primeiro livro a solo intitulado  Mar e Jardim.

A autora tem dois blogues nos quais poderão encontrar muitos dos seus poemas. Aqui ou Aqui

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

GISELA RAMOS ROSA

Nota: Esta fotos de crianças jogando à bola na Cova da Moura, é de autoria de Alfredo Muñoz de Oliveira, e foi uma das que integrou em 2009, uma exposição em Nova Iorque de mais de cem fotos e vídeos sobre a Diáspora africana no sul da Europa.

 
Na Cova da Moura
 
há crianças há mães há pais há avós
há crioulo nas vozes que ecoam como cânticos
há sorrisos que esperam peregrinos
há mãos que labutam na espessura do dia da noite
há dedos gretados pela árdua matéria
 
Na Cova da Moura
 
há claros gritos sufocados à nascença
há desejo da terra firme lá longe
na distância que o mar separa e o tempo une
no concreto chão onde se mora
há horas em que só o silêncio chora
 
 
Na Cova da Moura
 
há crianças que pedem afecto aos peregrinos
abraçam as mãos de quem as olha
enlaçam seus rostos em nossos rostos
sorriem sempre sorriem e ensinam
a olhar um outro mundo
 
Na Cova da Moura
 
há festas barcos dançando em cinturas pelas ruas
rituais da origem reiterados pelo destino
há batuques que ecoam aquela África
há danças em que só o corpo fala
há mulheres que perdem filhos no asfalto
há mulheres que vestem seus trajes e sobem ao palco
e com o som que percutem nas tchabetas (batuques)
sua alma retempera e renova sua acção
 
Na Cova da Moura
 
há cânticos que dizem vidas duras
há ecos de crioulo pelas ruas
há sorrisos mãos e dignidade
 
Gisela Ramos Rosa 


Biografia

Gisela Maria Gracias Ramos Rosa nasceu a 13 de Janeiro de 1964 em Lourenço Marques, a actual cidade de Maputo em Moçambique. Artista de múltiplos talentos, Gisela escreve, pinta, fotografa sempre com um olhar atento e critico.  Gisela é sobrinha do grande poeta algarvio, António Ramos Rosa. Podia escrever muito mais sobre a autora, porém convido-vos a visitar a sua página.  
Aqui poderão não só saber mais sobre a autora como ler outros poemas.