para que ao usá-las mantivesse
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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022
ROSANA CHRISPIM
para que ao usá-las mantivesse
segunda-feira, 24 de janeiro de 2022
GRAÇA PIRES - ANTÍGONA PASSOU POR AQUI
Graça Pires in " Antígona Passou Por Aqui" Poética Edições - pag 34
Graça Pires dispensa apresentações, quase todos a conhecem, ou dos livros publicados ou do seu blog
De resto a autora já é repetente neste espaço
terça-feira, 18 de janeiro de 2022
FERNANDA MARIA - O VOO
O VOO
Todas as manhãs, Maria toma o pequeno-almoço numa padaria perto da sua casa.
Apesar do medo que sempre a acompanha, o ambiente quente do pão a cozer, o cheiro do café e o odor adocicado dos bolos, faz com que arrisque e ceda a este pequeno luxo, a esta pequena rotina.
Sentia frio, um frio vindo de dentro, imenso, que não a largava e a consumia.
Olhou para o telemóvel, mais por hábito do que por necessidade, afinal não tinha ninguém, nem nenhum trabalho à sua espera.
Há muito que sobrevivia das suas poucas economias, até quando...
Lá fora, a esplanada com as mesas agora vazias, recordou-lhe outros dias, mais felizes.
Sentou-se a beber o café fumegante com o olhar vagueando.
Um pardalzinho foi entrando devagar, estacando atento, em cima do tapete da entrada.
Saltitando como todos os pardais, foi debicando migalhas caídas dos embrulhos de papel que envolvem o pão.
Não soube se foi por causa do pequeno pardal ou da cafeína que vinha ingerindo, mas um súbito e reconfortante calor percorreu-lhe o corpo, e no seu rosto, voou um sorriso.
Fernanda Maria
(Fê Blue Bird)
NOTA : . Este é um texto poético do primeiro livro da Fernanda Maria, a Fê, do blogue que dá o nome ao livro. Um livro, há muito tempo aguardado por quem como eu admira a sua escrita, onde a poesia nasce de uma amalgama de sentimentos que brotam da própria alma.
Obrigado Fê.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2022
ELVIRA CARVALHO - ESCUTA
domingo, 2 de janeiro de 2022
EU AINDA NÃO ENCONTREI O QUE PREGUEI - CARMEN VERVLOET
EU AINDA NÃO ENCONTREI O QUE PREGUEI
Eu caminhei de um lado a outro…
Atravessei continentes…
Procurei nas aldeias distantes…
E também no centro das metrópoles…
Mas ainda não encontrei o que preguei…
Procurei no sorriso da criança…
Ou na consciência do adulto…
Em cada vulto…
Um indulto…
Uma esperança…
Mas ainda não encontrei o que preguei…
Viajei…
Naveguei…
E novamente solucei…
Pelo que não encontrei…
Uma paz em uníssono…
E ainda não encontrei o que preguei…
Voltei em silêncio…
Vi tantas guerras…
Tanto calafrio…
Tanta morte anunciada em vida…
Vestida de Midas…
E ainda não encontrei o que preguei…
Vasculhei as cidades…
Vi tanta desigualdade…
Mesas cheias, frutas importadas…
Árvores coloridas, tão iluminadas…
Enquanto em tantas casas falta
O pão de cada dia…
Morrendo de fome tantos Josés e Marias…
E ainda não encontrei o que preguei…
Percorri todos os distritos…
Vi crianças pedindo esmolas…
Crianças sem escolas…
Rostos contritos…
Pais aflitos…
E ainda não encontrei o que preguei…
Procurei por todas as ruas…
Vi tantas almas nuas…
Adolescentes drogados, abandonados…
Idosos nas calçadas jogados…
E ainda não encontrei o que preguei…
Fotografei cada coração…
No lugar da alegria e do perdão
Só enxerguei mágoa e tristeza…
Vi muita dureza e aspereza…
E ainda não encontrei o que preguei…
Ainda não encontrei o que procurei…
Um eco constante a cada ano…
Que ressoa aos meus ouvidos…
Vem-me o desânimo…
Os ideais de fraternidade…
Irmãos dêem-se as mãos…
Não fiquem na contramão do amor…
Semeando angústia e dor…
Porque o que preguei…
Foi à festa da libertação…
A igualdade entre os homens
Sem discriminação…
O direito à vida…
Toda gente por mim foi redimida!
Porque o que preguei…
Foi o direito a conscientização…
A luta para extinguir o mal…
E o desejo de um mundo ideal…
Porque o que preguei…
Foi o grito de protesto a opressão…
O dia a dia lutando com ardor…
Para a morte da miséria…
Para a ressurreição do amor…
Eu preguei a paz… O respeito…O amor…
E como nada disso
Entre os homens encontrei…
Continuo procurando o que preguei…
Carmen Vervloet
Biografia de Carmen Vervloet
A autora está na Internet. AQUI