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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

VALENTINE PENROSE


 NOITE

Retornará a noite de inverno
Para estender-me a teu lado.
As fachadas beberão austeras
O clarão de lua e sua luz
Será expulsa de nossos beijos e braços.

O quarto jaz solitário com as cortinas baixas
Jazes tu sozinha com os olhos baixos
O clarão de lua é o clarão de teus braços
A noite traz sua nave imperturbada.


Biografia AQUI

terça-feira, 23 de novembro de 2021

AUTA DE SOUZA






Noites amadas

Ó noites claras de lua cheia!
Em vosso seio, noites chorosas,
Minh’alma canta como a sereia,
Vive cantando n’um mar de rosas;

Noites queridas que Deus prateia
Com a luz dos sonhos das nebulosas,
Ó noites claras de lua cheia,
Como eu vos amo, noites formosas!

Vós sois um rio de luz sagrada
Onde, sonhando, passa embalada
Minha Esperança de mágoas nua...

Ó noites claras de lua plena
Que encheis a terra de paz serena,
Como eu vos amo, noites de lua!


- Auta de Souza [Macaíba, Agosto de 1898], in “Horto”, 1900.


Biografia AQUI

terça-feira, 16 de novembro de 2021

ALEJANDRA SOLÓRZANO


AS AVES NÃO SE SUICIDAM

Em outro mundo possível
a Morte das aves sobrevém com aparência de gato.

Ao fio de um ramo.
A inanição, um deserto para sonhar insetos, larvas e sementes.

Colidir com a miragem de uma janela indiferente.
Perturbada por nevascas,
desordem de asas desfeitas à mercê da anunciação do inverno.
Cansadas de tempo
escondidas no interior de um tronco
até que sejam encontradas
por multidões de formigas e besouros.

Não importa qual o destino
a sua Morte
uma figura agraciada com suavidade de outono
espera para acompanhar
a sombra cristalina de seus corpos
até uma leve infinitude

Assim canta um pássaro para sua Linhagem
seguro da cidade adormecida
enquanto lhe escuto claro e distinto
apoiada em sigilo atrás da janela do quarto

Ouvir o augúrio de morte dos pássaros
o sentido trinado de sua entidade secreta
de seu canto existencial

Emudeço
Sem o desejo de haver falado
(qual aparência terá minha morte?)
Indago-me
sem Linhagem
sem possuir um canto
exatamente antes da madrugada.


Biografia AQUI


sexta-feira, 12 de novembro de 2021

JUANA M. RAMOS



 RIO

Com riso estridente:
Rio
mergulho a memória
em suas águas
para regressar, outra.
Rio,
pai da árvore perseguida.
Eu choro sob sua sombra
haste em sua casca
a flecha envenenada.
Rio que soa
arrasta lapidada a integridade
naufraga a aflição em seu canal.
Transborda a vida,
confina com a morte,
passo certeiro até as sombras.
Ah desse rio!
Por mais que a busca
não encontre o mar.


Biografia AQUI