"Nha terra é quel piquinino
É São Vicente é que di meu"
Nas praias
Da minha infância
Morrem barcos
Desmantelados.
Da minha infância
Morrem barcos
Desmantelados.
Fantasmas
De pescadores
Contrabandistas
Desaparecidos
Em qualquer vaga
Nem eu sei onde.
De pescadores
Contrabandistas
Desaparecidos
Em qualquer vaga
Nem eu sei onde.
E eu sou a mesma
Tenho dez anos
Brinco na areia
Empunho os remos...
Canto e sorrio...
A embarcação
Para o mar!
É para o mar!...
Tenho dez anos
Brinco na areia
Empunho os remos...
Canto e sorrio...
A embarcação
Para o mar!
É para o mar!...
E o pobre barco
O barco triste
Cansado e frio
Não se moveu...
O barco triste
Cansado e frio
Não se moveu...
Biografia daqui
Yolanda Marazzo Lopes da Silva, poeta e escritora de
língua portuguesa, nasceu em São Vicente, Cabo Verde, África, a 16 de
Dezembro de 1927. Ao 15 anos, 1943, partiu para Lisboa, onde completou o
estudos no Liceu Rainha Dona Leonor. É diplomada com o curso superior
de Francês e o curso superior de Moderna Literatura Francesa, da
Alliance Française e com o curso de Ingês do Instituto Britânico. Em
1958, parte para Angola acompanhando o marido e aí permanence no período
convulso da guerra colonial, de 58 a 68. Findo esse tempo foi vver para
Luanda onde lecciona no ensino particular, trabalhando ao mesmo tempo
na Embaixada da Jugoslávia.
Neta de José Lopes, um dos maiores e
mais cultos poetas de Cabo Verde, cedo revelou a sua poesia, tendo feito
parte do Grupo do Suplemento Cultural, juntamente com Gabriel Mariano,
Aguinaldo Fonseca, Ovídio Martins, Carlos Alberto Monteiro Leite e
Francisco Lopes da Silva.Colaborou em Lisboa no Artes e Letras do Diário de Notícias, no República e em periódicos angolanos, como Província de Angola, Jornal de Lobito e Notícias.
Figura nas seguintes Antologias: Modernos Poetas de Cabo Verde; Portugalidade; Mulheres e a Sensbilidade Portuguesa; Panorâmica da Poesia Africana de Expressão Portuguesa
Faleceu em Lisboa a 28 de Janeiro de 2009, vitima de doença prolongada
4 comentários:
Beleza de poesia, adoro o tema barcos, mar... E Foi bom conhecer a autora! bjs, tudo de bom,chica
Quantas coisas querem dizes as barcos.
Belíssina poesia e poetisa.
Beijos
Por vezes sentimo-nos assim, como velhos barcos que de tanto cansaço já não conseguimos sair do lugar e nos sentimos afundar lentamente.
Não conhecia a poetisa, obrigado pela partilha.
Uma boa semana
Beijinhos
Maria
Bom dia, Elvira!
A imagem já nos faz querer entrar nesse barquinho e navegar por essas águas.
Ao ler o poema somos transportados pra outra época, onde a autora coloca bem seus sentimentos, entendidos só depois de passar pela infância.
Adorei!
Abraços e lindo dia.
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