PASSOS NA CALÇADA
Ficarei deitada entre flores murchas e molhadas
como o pássaro que ignora estar caído e morto
sobre pedras íntimas escorregadias de sal
no chão de tábuas de um quarto crepuscular
ou sobre as lajes nuas de uma praça
onde se nasce e morre sem pausa e sem dor.
Será talvez assim numa praça
que não se atravesse nunca vagamente
por estar finalmente a cumprir-se o oráculo
ao dormir amante sobre o ventre de mãe
da única alva de amor partilhada
com cordas de chuva a rasgarem-me o dorso
e a mesma violência de ritmo bendito
com que me empurraste contra as tábuas da barcaça
há quatro séculos e um dia em Bruges.
Era Setembro tanto faz.
Cadernos de Santiago I, Lisboa, 2016, p. 120-121
Biografia AQUI
7 comentários:
Muito linda a poesia escolhida, Elvira!
beijos, lindo domingo! chica
Poema lindo de ler. Boa escolha.
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Domingo Feliz … cumprimentos cordiais.
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Uma excelente escolha. Parabéns, Elvira! 🌹
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São teus dedos, a tua melhor expressão...
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Beijo, e um bom Domingo!
Obrigada por dar a conhecer 👏😘
Mais uma bela apresentação Elvira.
Agora já estou de máquina nova e assim visitar estes belos amigos com suas postagens inspiradoras.
Que esteja bem e tenha uma feliz semana.
Carinhoso abraço de paz luz.
Lindo poema te mando un beso.
Gosto de vir aqui conhecer poetas que desconheço. Um poema muito belo, apesar de melancólico. Obrigada por partilhar, minha Amiga Elvira.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
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