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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

OLINDA BEJA

foto do Google


 QUEM SOMOS



O mar chama por nós, somos ilhéus!
Trazemos nas mãos sal e espuma
cantamos nas canoas
dançamos na bruma

somos pescadores-marinheiros
de marés vivas onde se escondeu
a nossa alma ignota
o nosso povo ilhéu

a nossa ilha balouça ao sabor das vagas
e traz a espraiar-se no areal da História
a voz do gandu
na nossa memória...

Somos a mestiçagem de um deus que quis mostrar
ao universo a nossa cor tisnada
resistimos à voragem do tempo
aos apelos do nada

continuaremos a plantar café cacau
e a comer por gosto fruta-pão
filhos do sol e do mato
arrancados à dor da escravidão



 Olinda Beja


 Biografia:
  Olinda Beja nasceu em Guadalupe – S. Tomé e Príncipe.
Criança ainda deixou as ilhas e passou a viver do outro lado do mar, em terras frias da Beira Alta.
Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos de Português-Francês, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e possui o Diploma Superior de Hautes Études da Alliance Française.
Para além de escritora, Olinda Beja é professora do ensino secundário, bolseira do Centro Nacional de Cultura, Comendadora dos Países Irmãos Brasil-S.Tomé e Príncipe; contadora de estórias, dinamizadora cultural. Atualmente é professora de Língua e Cultura Portuguesa em Lausanne (Suiça) onde reside.
As suas obras têm sido objeto de estudo em várias universidades nomeadamente no Brasil e nas escolas portuguesas do Luxemburgo onde foram adotadas as seguintes obras: “15 Dias de Regresso” e “Pé-de-Perfume”.
Durante o ano escolar Olinda Beja desloca-se a estabelecimentos de ensino do universo lusófono onde dá a conhecer as ilhas do cacau e faz a aproximação dos dois povos através da riqueza cultural em comum – a Língua Portuguesa.



Obras Publicadas:
Bô Tendê? – Poemas – 1992 – 2ª Ed. – C.M Aveiro;
Leve, Leve - Poemas- 1993-2ªEd. C.M.Aveiro;
15 Dias de Regresso – Romance – 1994 – 3ª ed. – Pé-de-Pag.Editores;
No País do Tchiloli – Poemas – 1996 – C.M.Aveiro;
A Pedra de Villa Nova – Romance – 1999 – Palimage Editores;
Pingos de Chuva – Conto – 2000 – Palimage Editores;
Quebra-Mar – Poemas – 2001 – Palimage Editores;
Água Crioula – Poemas – 2002 – Pé –de-Página Editores;
A Ilha de Izunari – Conto – 2003 – S.T.P. – Instituto Camões;
Pé-dePerfume – Contos (Bolsa de Criação Liter.) – 2004 – 2ª Ed;
Aromas de Cajamanga – Poemas – Editora Escrituras – S.Paulo (Brasil) – 2009;
O Cruzeiro do Sul – Poemas – Edição bilingue: Port/esp. – EditEl Taller del Poeta (Pontevedra) – 2011.


 Biografia DAQUI

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

MANUELA BARROSO





Foto da net


NESTE INVERNO


Neste Inverno de macios cabelos de linho
cantarei na embriaguez da alegria
a fertilidade da aurora em silêncios de madrugada.
Iluminarei o carvão da noite com a luz de violinos de fogo,
tocando cândidas flores no lirismo das minhas tardes.
E
Derramarei fogos de incandescentes transparências
em ardentes pétalas de luz bordadas em coroas de músicas
que preencham corações vazios.
Porque enquanto há vida, haverá primaveras
de pólen colorido nas ogivas luminosas do dia
e no lago quieto da noite.
Farei nascer sorrisos em corolas de crianças felizes
com eternidades de alegria nos dedos macios,
segurando pétalas meninas em relâmpagos de mulher,
que afaga em braços maternos, dores invisíveis
de farrapos humanos!
E olho os trapos da humanidade em candeeiros noturnos
e perco-me no infinito de mim.
E descerão estrelas,
flutuarei com elas!
Quero acreditar neste meu céu onde se acalma o silêncio do dia
envolto em magia
porque enquanto há vida tudo se alumia
nas trevas do tempo que libertará solidões
como tempestades de vento.
Neste sono da vida que dorme, desperto com o ruído das fontes.
Deitar-se-à a liberdade no poente calmo dos extensos vales,
no cume vazio dos montes!
No horizonte que persigo na solidão do silêncio das gentes
mudas, presentes
tão quietas, ausentes!
Mas enquanto houver vida, meu irmão, minha amiga,
não me dou por vencida.
Rasgarei cortinas com punhais de fogo
em velocidades inquietas, em ansiedades de esperança.
E vibrarão vendavais de música,
em sorrisos de criança.
Em teclas de amor
tocarei hinos de redenção
e farei desta sonata
orquestras de prata,
para ti, meu irmão!
Porque sempre haverá vida!
Assim.
Também
em mim!

Manuela Barroso



Biografia.
Descobri há pouco tempo esta poetisa. AQUI poderão encontrá-la. Espero que vos agrade tanto quanto a mim.