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domingo, 8 de março de 2009

MULHER AO ESPELHO



Hoje que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.

Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.

Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo a tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?

Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.

Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seu
se morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.

Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.

Cecília Meireles



PARA TODAS UM DIA DIFERENTE E MELHOR QUE O HABITUAL.

7 comentários:

Mare Liberum disse...

Gosto muito de Cecília Meireles, amiga. Li deliciada este poema num dia muito especial.

Bom Domingo, Mulher, Grande Amiga Elvira!

Beijinhos


Bem-hajas!

Graça Lopes disse...

Um Abraço a todas as MULHERES.

Rúbida Rosa disse...

Parabéns pela escolha do poema e pelo dia da mulher.
Bjos

Menina do Rio disse...

Somos hoje, porque é só o que temos; O Hoje. Façamos dele um dia Especial!

um beijo minha querida
Parabéns, pela grandeza de Mulher que tu és!

Rafeiro Perfumado disse...

Mulher ao espelho faz-me lembrar um filme do Manoel de Oliveira, e fica, e fica, e fica... ;)

Beijoca!

Sonia Schmorantz disse...

Um belo poema, aliás, como sempre. Tuas escolhas são maravilhosas
beijo

Anónimo disse...

Convido a visitar e a participar no meu blog com textos, relatos ou questões, ou mesmo com a simples leitura das mensagens.
Um grande beijo.
http://maria-haagen-dazs.blogspot.com