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sábado, 30 de janeiro de 2010

MARQUESA DE ALORNA


SONETO

Eu cantarei um dia da tristeza
por uns termos tão ternos e saudosos,
que deixem aos alegres invejosos
de chorarem o mal que lhes não pesa.

Abrandarei das penhas a dureza,
exalando suspiros tão queixosos,
que jamais os rochedos cavernosos
os repitam da mesma natureza.

Serras, penhascos, troncos, arvoredos,
ave, ponte, montanha, flor, corrente,
comigo hão-de chorar de amor enredos.

Mas ah! que adoro uma alma que não sente!
Guarda, Amor, os teus pérfidos segredos,
que eu derramo os meus ais inutilmente.

Marquesa de Alorna

Biografia
Escritora portuguesa. Leonor de Almeida Lorena e Lencastre, 4.ª marquesa de Alorna, é uma das mais notáveis vozes do pré-romantismo em Portugal. Neta, por parte da mãe, dos marqueses de Távora, executados pela justiça do marquês de Pombal devido ao seu envolvimento numa conspiração contra o rei D. José I, é, em 1758, enclausurada no Convento de Chelas, de onde é libertada dezanove anos depois, em 1777, após a queda política do marquês. No entanto, a sua prolongada reclusão é o principal motivo para a esmerada formação literária e científica que recebe. Leituras de Rousseau, Voltaire, da Enciclopédia de Diderot e d'Alembert, abrem o seu espírito vivo e inquieto às ideias do iluminismo francês. Casa com o conde de Ovenhausen, oficial alemão que viaja pela Europa, do qual fica viúva aos 43 anos. Apesar das dificuldades económicas que a viuvez lhe acarreta, a sua residência transforma-se num foco de ebulição cultural, onde se debatem as novas ideias políticas e também as novas correntes estéticas e literárias. Bocage e Alexandre Herculano, em períodos diferentes, são dois dos frequentadores do seu salão. Sob o nome árcade de Alcipe trabalha em traduções do latim (a Arte Poética, de Horácio, por exemplo), do alemão (textos de Christoph Wieland), do inglês (o Ensaio sobre a Crítica, de Alexander Pope) e do francês (textos de Lamartine), cultiva a epistolografia (Cartas a Uma Filha Que Vai Casar) e escreve poesia. Recreações Botânicas, poema em seis cantos dedicado às «Senhoras Portuguesas», prenuncia já o sentimentalismo romântico que avassalará a literatura anos mais tarde. A sua poesia está reunida nos seis volumes das Obras Poéticas da Marquesa de Alorna (1844).

Biografia da net

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

SOROR MARIA DO CÉU


MORTAL DOENÇA


Na febre do amor-próprio estou ardendo,
No frio da tibieza tiritando,
No fastio ao bem desfalecendo,
Na sezão do meu mal delirando,
Na fraqueza do ser, vou falecendo,
Na inchação da soberba arrebentado,
Já morro, já feneço, já termino,
Vão-me chamar o Médico Divino.

Na dureza do peito atormentada,
Na sede dos alívios consumida,
No sono da preguiça amadornada,
No desmaio à razão amortecida,
Nos temores da morte trespassada,
No soluço do pranto esmorecida,
Já morro, já feneço, já termino,
Vão-me chamar o Médico Divino.


Na dor de ver-me assim, vou desfazendo,
Nos sintomas do mal descoroçoando,
Na sezão de meu dano estou tremendo
No ris como da doença imaginando,
No fervor de querer-me enardecendo,
Na tristeza de ver-me sufocando,
Já morro, já feneço, já termino,
Vão-me chamar o Médico Divino.

Vou ao pasmo do mal emudecendo,
À sombra da vontade vou cegando,
Aos gritos do delito emouquecendo,
No tempo sobre tempo caducando,
Nos erros do caminho entorpecendo,
Na maligna da culpa agonizando,
Já morro, já feneço, já termino,
Vão-me chamar o Médico Divino.

soror Maria do Céu

Biografia

Soror Maria do Céu (1658-1753), tendo professado numa ordem religiosa, foi uma poetiza barroca de sabor quinhentista que cantou a efemeridade da vida. Mendes dos Remédios, em Escritoras de Outros Tempos (Coimbra, 1914), elaborou um pequeno estudo sobre esta autora. Obras: A Preciosa, Alegoria Moral(Lisboa, 1731-1733), publicada sob o criptónimo de Marina Clemência; Enganos do Bosque, Desenganos do Rio, em que a Alma Entra Perdida e Sai Desenganada (Lisboa, 1736); Aves Ilustradas em Avisos para as Religiosas Servirem os Ofícios dos seus Mosteiros, Lisboa, 1734).

Biografia retirada daquihttp://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/mceu.htm


COMO JÁ SABEM A MINHA MÃE ENCONTRA-SE MAL DE SAÚDE, E A PRECISAR DE CUIDADOS CONSTANTES, RAZÃO PORQUE O BLOGUE VAI FICANDO PARA TRÁS. ESPERO NO ENTANTO VOLTAR AQUI SEMPRE QUE POSSÍVEL; E AGRADEÇO O VOSSO CARINHO E COMPREENSÃO PARA A MINHA AUSÊNCIA NOS VOSSOS ESPAÇOS.