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segunda-feira, 25 de maio de 2009

VERA DUARTE

Foto daqui

Ai se um dia...

Ai se em Outubro chovesse
a terra molhasse
o milho crescesse
e a fome acabasse

Ai se o homem sorrisse
a terra molhasse
a fome acabasse
e a chuva caísse

Ai se um dia...
Acordemos, camaradas,
As chuvas de Outubro não existem!
O que existe
É o suor cansado
Dos homens que querem

O que existe
É a busca constante
Do pão que abundante virá

Homens, mulheres, crianças
Na pátria livre libertada
Plantando mil milharais
Serão a chuva caindo
Na nossa terra explorada

Biografia
Vera Duarte, de seu nome completo Vera Valentina Benrós de Melo Duarte Lobo de Pina, nasceu no Mindelo, Cabo Verde, num Outubro qualquer. Ali brincou, cresceu e amou.
Depois esteve em Portugal para fazer o curso de Direito na Universidade Clássica de Lisboa e posteriormente para fazer formação na Magistratura Judicial, pelo Centro de Estudos Judiciários de Lisboa, tendo voltado a cidade da Praia, Cabo Verde, no sentido de trabalhar na justiça e como Juíza Conselheira do Supremo Tribunal da Justiça. Após se ter afastado do referido cargo assumiu a responsabilidade e honra de exercer as funções de Conselheira do Presidente da República.
Entretanto escreveu, casou-se, publicou, teve filhos e filhos dos filhos, divorciou-se e de novo se casou, viajou e participou - do coração - na vida pública do seu país. Sobretudo nas questões ligadas à mulher, cultura e aos Direitos Humanos.
Orgulha-se de ter sido galardoada em 1995 em Portugal pelo então presidente português Dr.Mário Soares com o Prémio Norte-Sul de Lisboa do Conselho da Europa, pelas suas actividades em prol dos Direitos Humanos. Sobretudo enquanto membro da Comissão Africana dos Direitos do Homem e dos Povos e da Comissão Internacional de Juristas.
Actualmente é Presidente da Associação Cabo-verdiana de Mulheres Juristas (AMJ), membro do Comité Executivo da Comissão Internacional de Juristas, além de ser membro de várias associações oriundas da sociedade civil cabo-verdiana, nomeadamente a Associação de Escritores Cabo-verdianos (AEC).
Tem como lema de vida, Liberdade, Justiça, Paz e Amor.

Biografia daqui

sexta-feira, 15 de maio de 2009

MARIA ALBERTA MENÉRES

(foto da net)

AS PEDRAS
As pedras falam? pois falam
mas não à nossa maneira,
que todas as coisas sabem
uma história que não calam.

Debaixo dos nossos pés
ou dentro da nossa mão
o que pensarão de nós?
O que de nós pensarão?

As pedras cantam nos lagos
choram no meio da rua
tremem de frio e de medo
quando a noite é fria e escura.

Riem nos muros ao sol,
no fundo do mar se esquecem.
Umas partem como aves
e nem mais tarde regressam.

Brilham quando a chuva cai.
Vestem-se de musgo verde
em casa velha ou em fonte
que saiba matar a sede.

Foi de duas pedras duras
que a faísca rebentou:
uma germinou em flor
e a outra nos céus voou.

As pedras falam? pois falam.
Só as entende quem quer,
que todas as coisas têm
um coisa para dizer.

Maria Alberta Menéres

Biografia


Nasceu em Vila Nova de Gaia em 1930. Formou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi professora do Ensino Técnico, Preparatório e Secundário (1965-1973).Trabalhou na RTP como directora do Departamento de programas Infantis e Juvenis entre 1975 e 1986. Dedicou-se à poesia e à tradução e tem colaborado com artigos de opinião em vários jornais e revistas.A par da sua actividade poética, desenvolve um importante trabalho pedagógico no âmbito da educação literária infantil, publicando vários livros para infância e juventude incluindo poesia, contos, teatro, novelas e adaptação de clássicos. A sua obra para a infância, que conta no total mais de 70 títulos, é caracterizada pelo humor e pela poesia. Como poeta é habitualmente associada a um conjunto de escritores contemporâneos do polémico surrealismo português. Fez parte da Direcção da Associação Portuguesa de Escritores, de 1973 a 1975. A partir de 1973, tem dirigido vários Encontros (ao nível das Câmaras Municipais, Escolas Primárias, Preparatórias e Secundárias e Escolas Superiores de Educação, por todo o país) entre alunos, entre professores e alunos simultaneamente – Encontros cujos temas são “O Ensino e a Poesia”, “Criatividade no Ensino” e “Leituras e Escritas”. Desde 1998 é Directora da revista “Super Bebés”. Foi Assessora do Provedor de Justiça, de 1993 a 1998, como criadora e responsável pela linha telefónica grátis “Recados da Criança”.Está representada em várias antologias nacionais e estrangeiras.E, ainda em 2002, a convite da Fundação Calouste Gulbenkian, fez conferências sobre "Leituras e Escritas do Nosso Dia-a-dia", na intenção de uma descoberta e dinamização da Imaginação no nosso quotidiano, em 10 Câmaras Municipais, sob o título de "Re/visão da Matéria", a cerca de 200/300 Professores, em sessões de 4 horas.É cooperadora da SPA desde Outubro de 1983.

Biografia retirada da net.

domingo, 3 de maio de 2009

KÁTIA DRUMMOND

(Foto da net)

DIVINO AMOR


Quer seja do orgasmo a sintonia
e da fecundação a alegria,
não sei se é maior a dor do parto
ou a dor de entregar ao mundo a cria.
E é tanto, é tão profundo o sofrimento,
que o corpo-mãe vem a sentir por dentro,
que a aventurança da maternidade,
face a incerteza da vida lá fora,
à compaixão de mãe vira um tormento.
Ao coração de mãe vira maldade.


Ó Deus! Quizera nunca ter engravidado.
Nem mesmo nunca um dia ter parido.
Pois ter um filho e seguir rumo à morte,
deixando-o à deriva, à própria sorte,
é bem pior que um dia ter nascido.
Se em nome deste meu amor divino
eu bem pudesse reverter o tempo,
virar a roda-viva do destino,
e transformar, enfim, o saia em entre,
eu recolhia todos os meus filhos.
E, um a um, guardava no meu ventre.


Kátia Drummond já faz parte desta galeria de mulheres poetas, pelo que não vou voltar a incluir a biografia.


PARA TODAS AS MULHERES QUE POR AQUI PASSEM, DESEJO QUE TENHAM UM DIA MUITO FELIZ.