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terça-feira, 27 de setembro de 2011

HELENA BANDEIRA


Reprodução do quadro "Guernica"  Foto retirada da net

A HUMANIDADE ESTÁ EMPOBRECENDO..

A lealdade do cão
vai directa para o seu dono.
Esse mesmo cão
luta com o independente gato
que persegue o esperto rato...
Sempre haverá lutas desiguais
entre todos os animais...
Poderá não estar à vista
um objectivo para a luta,
mas os instintos de disputa
em todos os casos são iguais.
No género humano não difere.
Por ínfimas diferenças,
geram-se desavenças...
Não interessa quem se fere!
Fomentam-se duras guerras
pela defesa de ideais ou de terras...
São lutas entre cidadãos,
entre homens, todos irmãos...
Disputas no seio das famílias
sem respeito, nem por homilias...
É a insânia
e a ganância.
É a incongruência
do ser definido por humano,
mas que muito tem de profano,
e que, por refinada inconsciência,
manifesta e exerce sem pejo
a sua ferocidade,
a sua perversidade,
sempre para isso urdindo ensejo...
É o homem contra o homem,
seu semelhante, seu igual,
insistindo com crueldade
em querelas vazias e desconexas,
por vezes sem termo e sem limite,
mas sempre cruéis e complexas.
É o homem, dito 'ser racional,'
que comete e desenvolve baixezas
com todo o à-vontade...
Que com grande naturalidade
desce a inomináveis profundezas
onde talvez não desça o 'irracional'!
O Homem nasceu para crescer.
Para seu corpo e espírito engrandecer
como um ser harmonioso e impoluto.
Mas neste mundo insano e corrupto
se muito cresce,
mais ainda desce...
O Homem que não se enobrece,
a própria Humanidade empobrece!
Porque desconhece a clemência,
desdenha da benevolência
e jamais cultivou o Amor!

Desvirtua o género humano
ao se tornar desumano...

ENVERGONHA E ATRAIÇOA
O SEU CRIADOR!...

biografia:

. A poetisa possui ainda um blog que poderão visitar Aqui

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

MARIA MAMEDE



Já aqui falei de Maria Mamede, uma mulher do norte, apaixonada pela sua terra e excelente poetisa. Não vou por isso repetir-me, quem não viu, basta escrever o nome na barra de pesquisas ao lado para ser direccionada ao post anterior.
O que me faz falar dela hoje é dar-vos a conhecer o lançamento do seu novo livro.
Quem estiver por perto, não deixe de ir. Vai ver que não se arrepende.

BOA SEMANA PARA TODOS

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

ROSA DIAS


Ceifeiras !
Jamais!
Há um cante envolto em pranto, que lembra um tempo sem volta!
Mas que vai ganhando um outro encanto, pondo de lado a revolta!
Nossos pais sofreram tanto, nossos avós ainda mais!
Nós, nós fugimos a esse pranto, p’ra não ouvirmos seus ais
Homem que foi terra foi barro, em pleno campo criado
Comeu as sopas no tarro, levou aos ombros seu fardo!
Vamos olhar de outro jeito, o progresso em caminhada
Para aliviar o peito, desta gente amargurada!
Nossos campos ainda lá estão, as searas até o gado
Mas ceifeiras, essas não, foram escravas do passado!
Ainda o sobreiro dá sombra, e a cortiça que é riqueza
Arvore que a todos deslumbra, de raiz bem portuguesa...
Ainda há regatos correndo, e há ribeiras naturais
E a chuva que Deus vai mandando, p’ra dar vida aos cereais!
Ainda se ouvem cantar os rouxinóis na ribeira
Os pardais; a chilrear em alegre cavaqueira.
Ainda há lírios, alecrim, papoilas, planícies de trigais
Codornizes, perdizes rolas, mas as ceifeiras? Jamais…
Alegra-te meu amigo, olha a alvorada, outro dia
Anda vem cantar comigo as cantigas d’álegria
Saudades sim porque não, mas passado nunca mais
Pois marcou uma geração de dores misérias e ais
O mundo está em mudança, hoje a vida tem outro fado!
Nova canção! Outra dança!
Pois o passado é passado...

Rosa Dias


Biografia

Joaquina Rosa Pedreiro Guerreiro Dias, mais conhecida por Rosa Dias, nasceu em Elvas na maternidade Mariana Martins, em 26-9-1947.
 Sendo baptizada e registada em Campo Maior Vila de concelho, do alto Alentejo, onde cresceu e frequentou a escola primária do Bairro Novo, e onde completou a quarta classe. Logo que saiu da escola começou a trabalhar numa torrefacção de Café, pertencente ao Sr. João Ensina, onde começou a ganhar 25 tostões por dia, e onde esteve pouco tempo, pois logo começou a trabalhar como empregada doméstica, vindo aos 13 anos para Lisboa, onde continuou no mesmo ramo.
Conheceu o seu grande amor com quem viria a casar aos dezassete anos e com quem ainda vive até aos dias de hoje.

Mais Aqui

Podem também visitar o blogue da poetisa  Aqui

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ANA MARTINS


O ROSTO DA FOME
Que vergonha,
O rosto da fome
Tem olhos de criança,
Pele macia e mãos pequeninas,
E traja o presente
Com a cor da esperança
Que os seus olhos vestem dia-após-dia.
Esquecido e calado, vagueia à deriva,
Pela sorte enferma que lhe chora a vida.
Nas mãos, um punhado de restos
Tão mudo e tão mouco…
E o que sobra e que fica
É uma sombra oriunda
Da cegueira de todos!
Que vergonha,
O rosto da fome
Tem olhos de criança!
13/08/2011
Ana Martins

Quem acompanha este blogue sabe que não costumo repetir nomes, a menos que se justifique.
Ana Martins teve o seu espaço neste blogue  aquando da publicação do seu primeiro livro .
Não só porque acaba de ganhar um concurso de poesia, mas sobretudo porque o poema é muito belo, aqui está ela de novo. 

Para todos uma boa semana

terça-feira, 6 de setembro de 2011

MARIA LASCAS



Foto da net


" Meu Amor partiste - um improviso"



Meu Amor partiste... eu sei
sempre partiste para longe, eu sei
e não há escudo que te guarde
nem euro nem barca nem vela que te traga
pois se nem notícia veio d' El-Rei...

a mesa está vazia, não há pão não há vinho
sem filhos não há leite
os velhos esquecidos nem comem
e não há pachorra que os oiça
a dizer que é a miséria de outrora que volta

como a mesa a cama está vazia
sem dinheiro os prazeres são pecado
e só as saudades ficaram
daqui te mando palavras do meu amor
que por ora ainda não paga imposto
Meu Amor partiste, eu sei
e agora até o totobola dá pouco
só se for o TGV que te traga
- se é por ele que a gente se mata...

Maria  Lascas

Biografia
Na net não encontrei mais do que a data e o local do seu nascimento. Mas Maria José Lascas Fernandes .Mas a autora possui 3 blogues. Neles encontrarão não só alguns dos seus poemas, como excelentes textos dos quais destaco "A minha avó" Um texto em prosa onde mora mais poesia do que em muitos poemas que tenho lido.
AQUI encontrarão o perfil dos seus blogues. E num deles encontrarão a informação sobre os livros já publicados.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ADA TAVARES


O Alentejo é lá


É lá onde o Sol desce a violar

a terra provocante de nudez,

que emprenha uma e outra e outra vez,

de Sonhos, que já cansa de abortar...

É lá onde a Lonjura por lavrar

nem sombras a dividem lés-a-lés...

Só a noite a parcela e faz mercês

erguendo muros brancos de Luar.


E lá onde se chora de cantiga no

embalar dolente a Dor antiga que,

desperta, se agita e faz ruim...
Onde há suor em bagas pela eira,

e esp'ranças crepitando na lareira,

- O ALENTEJO é lá ... e é EM MIM.

HOJE HÁ PÃO ALENTEJANO?

Esta frase tão ouvida
neste tom interrogado
não é sentença perdida
nem um pregão inventado,
nem dito voando à toa ...
Oh senhores, mas quem diria
que eu ia ouvir isto um dia
aos balcões de Padaria
desta moderna Lisboa?!
"Hoje há pão alentejano?!"
E se o empregado diz:
-"Olhe, acabou de chegar."
ri a freguesa feliz
e estende o saco apressada
pois não vá ele acabar ...
e pede firme, sem graças,
que não pode haver engano:
-"Ponha-me aí dez carcaças
e um pão alentejano".
Ai é vê-lo meus amigos,
este pão que era só nosso,
o nosso Bem de raiz
em pretensões, sem ganância,
como ganhou importância,
- como ganhou um País.
Todos o querem agora,
por inteiro ... uma fatia ...
umas migalhas ... um naco
...Pão nosso de toda a hora
que é farinha doutro saco.
Venham vê-lo na Taberna
ou no fundo duma Adega
como alegra o camponês:
-ensopa o copo de três
-abafa raios e coriscos
-faz de cama prós petiscos
...e aconchegada a barriga
logo a voz se faz cantiga,
põe-se o Sol, vai-se a fadiga
que a noite mal começou,
e...'às quatro da madrugada
um passarinho cantou..."
Ó pão do meu Alentejo
que bela lição tu deste
na tua nobre humildade,
e como tu aprendeste
a usar fraternidade.?
E sem briga, e sem guerra,
sem essa confusão louca,
deste nome à nossa terra,
levaste-a de boca em boca...
Pois também vai a banquete
se a solenes beberetes
nas salas bem afamadas,
posto assim em pedacinhos,
feito "tapas" e "entradas',
regado com os melhores vinhos.
É o mais requisitado,pedido
por encomenda,
e vai em naperons de renda
até à mão de ministros.
E deu no goto a estrangeiros
e a certos senhores bem vistos
que o acham uma riqueza
e o querem na sua mesa ...
Não se recusa a ninguém, dá-se a ricos,
pobrezinhos, a crianças e a velhinhos
e aos doentes também.
Pão de Paz ! Pão de Alegria !
Pão de Amor! Pão de Verdade!
É como nós neste dia,
uma mistura sadia
de renovo e de saudade.

Ada Tavares
Biografia
Ada  Tavares  nasceu em Odemira  a 5 de Novembro de 1930.  A viver há longos anos no Feijó, transporta no peito o amor , e as recordações do seu  Alentejo e  um dos seus livros intitula-se mesmo "O  Alentejo em mim"