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domingo, 20 de setembro de 2020

JACINTA PASSOS



Canção da Liberdade

Eu só tenho a vida minha.
Eu sou pobre, pobrezinha,
tão pobre como nasci,
não tenho nada no mundo,
tudo o que tive, perdi.
Que vontade de cantar:
a vida vale por si.

          Nada eu tenho neste mundo,
          sozinha!
          Eu só tenho a vida minha.

Eu sou planta sem raiz
que o vento arrancou do chão,
já não quero o que já quis,
livre, livre o coração,
vou partir para outras terras,
nada mais eu quero ter,
só o gosto de viver.

          Nada eu tenho neste mundo,
          sozinha!
          Eu só tenho a vida minha.

Sem amor e sem saúde,
sem casa, nenhum limite,
sem tradição, sem dinheiro,
sou livre como a andorinha,
sua pátria é o mundo inteiro,
pelos céus cantando voa,
cantando que a vida é boa.

          Nada eu tenho neste mundo,
          sozinha!
          Eu só tenho a vida minha.




PASSOS, Jacinta.  Canção da partida.  Desenhos de Lasar Segall.  São Paulo: Edições Gaveta, 1945.



Biografia  e mais poemas AQUI

14 comentários:

Ana Tapadas disse...

Boa noite!
Que belo poema de Jacinta Passos! Ainda bem que divulga esta admirável poetisa cuja vida foi bem atribulada e incompreendida.
Tenho a sorte de ser amiga da filha da poetisa (Janaína Amado), que chegou a ter um blogue dedicado à mãe (http://passosdejacinta.blogspot.com/).

Beijinho

Roselia Bezerra disse...

Bom dia de nova semana, querida amiga Elvira!
Um poema autorretrato que é um desabafo da poetisa, certamente.
Faz uma catarse e se liberta...
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Olinda Melo disse...


Um desabafo dolorido, num belíssimo poema
Obrigada, Elvira, por esta divulgação.

Beijo
Olinda

silvioafonso disse...

.

Ah, não falas assim, minha lagartinha querida.
Hoje tu te arrastas pelo chão, mas amanhã,
quem sabe, não voas como aquelas que também
choraram no casulo?
Talvez eu fuja do assunto pra te dizer que a
história que te contei é verdadeira, tão
verdadeira quanto aquela em que a moça
fugia janela afora pra namorar o jovem com
quem veio a se casar mais tarde. É por isso
que eu digo que contos, senão todos, têm muito
da vida de quem faz questão de por nome de
terceiros no lugar do seu.
Beijos, Elvira querida. Muitos beijos.

Fê blue bird disse...

Quem nada tem é livre !!!

Um beijinho amiga Elvira

MARILENE disse...

Um encantamento esse poema, onde a autora, afirmando não ter nada, felicita a vida. Gostei muito! Bjs.

Cidália Ferreira disse...

Gostei muito. Obrigada. ;)
-
Palavra mágica...Obrigada/Gratidão.
-
Beijos, e uma excelente semana!

Lua Singular disse...

Oi Elvira,

Linda poesia da Jacinta Passos,
Gostei muito
Beijos
Lua Singular

Os olhares da Gracinha! disse...

Gostei de conhecer!!!
👏👏👏👏👏

Isamar disse...

Olá Elvira,
Como vai o problema do pc? Espero que esteja quase resolvido :)
Que lindo poema este que nos deu a conhecer, obrigada!
Desejo-lhe uma semana feliz, beijinhos!

manuela barroso disse...

Um poema que só pode ter sido inspirado pela Liberdade, indispensável a qualquer criatura , quanto mais ao ser humano.
Sem a liberdade do voar no pensamento , para que serviriam as asas ?
Lindo e musical poema , Elvira
Oxalá já consiga ter a estabilidade necessária para poder comentar “ livremente “
Um grande beijinho 🌷

Dan André disse...

Ola amiga Elvira, boa tarde !

Gratidão por compartilhar, a poesia dessa poetisa que até então, não conhecia. Ter posses, de uma certa nos aprisiona. Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós ... Lindo.

Abraços do amigo,
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/

Maria Rodrigues disse...

Um desabafo sentido e profundo, num poema maravilhoso.
Desconhecia a poetisa, obrigado pela partilha
Beijinhos

ROSELINE DAVIDSON disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.