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terça-feira, 4 de agosto de 2020

ANNITA COSTA MALUFE




Nêsperas
O que foi que aconteceu connosco? 
O que é 
que agora 
tão distantes
miramos neste casto horizonte
nesperado
que montanhas foram estas que cruzamos
quais foram os andaimes
quais os versos que nos mantêm tão perto
como se os raios de sol no apogeu
pudessem ser capturados
por um instante
só por um
instante
paro
e retomo as pastas de papéis coloridos
de papéis passados 
e retomo os panos os enganos
(Poderíamos ter sido 
algo 
e não fomos? 
Poderíamos? 
O que poderíamos tanto? 
O que tanto quisemos juntas?)
Paro 
um instante
diante de teu armazém
e contemplo as rugas de um tempo
imenso
esse que nunca é nosso
e torço para que possamos sempre
nos encontrar aí
neste puro instante sem ponteiros
que tão poucos 
- tão poucos mesmo - 
sabem onde fica





- Annita Costa Malufe, em "Fundos para dia de chuva". Rio de Janeiro: 7Letras, 2004. 



Biografia e outros poemas AQUI

13 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Bom dia:- Adoro nêsperas...adorei o poema
.
Bom fim-de-semana
Abraço

Trini Altea disse...

Buenos días Elvira, que tengas un buen fin de semana y feliz mes de agosto que comenzamos hoy.

Cidália Ferreira disse...

Onde estão elas? Adorei :))
***
"Com Amor" ... Desfolhando memórias

Beijo e um excelente fim de semana!

Os olhares da Gracinha! disse...

Gostei de conhecer!!! 👏👏👏👏👏

Roselia Bezerra disse...

Bom dia de muita paz, querida amiga Elvira!
As vezes, saímos por nesperas e nos deparamos com a maçã do Amor.
A vida prepara surpresas. Que não sejam más e tristonhas!
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Isamar disse...

Obrigada Elvira por mais esta partilha, graças a si a minha cultura poética fica mais enriquecida.
Espero que continue a estar tudo bem por aí.
Fique em segurança.
Beijinhos

lis disse...

As interrogações que nos acometem quando paramos a refletir.
Gostei do versar original do poema.
Bons dias,Elvira

silvioafonso disse...

Vim cheirar tuas flores e topo com
essa frutinha. Na casa da minha avó
tratavam nêspera de ameixa.
Gente, nunca comi tanta ameixa na
vida como quando vovó me escondia
nas dobras da sua saia. E dizem
que saudade mata. Mata nada ou há muito
eu teria morrido.
Elvira, mexi com o seu coração, pois
não?

HD disse...

Belo poema frutado ;-)
Abraço

Maria Rodrigues disse...

Lindo poema. Desconhecia a poetisa, obrigado pela partilha.
Beijinhos

Smareis disse...

Boa noite Elvira!
Tudo bem?
Gostei bastante de ler esse poema.
Muito bonito.

Beijos e continuação de boa semana!

Dan André disse...

Olá, boa nobre poetisa!

Amei ler sua poesia. E reli outras vezes.
Imaginei o lindo cenário, com gosto de nêspera.

Grande abraço,
Fique na paz
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/

O meu pensamento viaja disse...

Gostei imenso do poema. Beijinhos