Fado do retorno
Amor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada
Voltaste, já voltaste
Já entras como sempre
Abrandas os teus passos
E páras no tapete
Então que uma luz arda
E assim o fogo aqueça
Os dedos bem unidos
Movidos pela pressa
Amor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada
Voltaste, já voltei
Também cheia de pressa
De dar-te, na parede
O beijo que me peças
Então que a sombra agite
E assim a imagem faça
Os rostos de nós dois
Tocados pela graça.
Amor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada
Amor, o que será
Mais certo que o futuro
Se nele é para habitar
A escolha do mais puro
Já fuma o nosso fumo
Já sobra a nossa manta
Já veio o nosso sono
Fechar-nos a garganta
Então que os cílios olhem
E assim a casa seja
A árvore do Outono
Coberta de cereja.
Lídia Jorge
BIOGRAFIA
Data de Nascimento: 1946-->Lídia Jorge nasceu em Boliqueime, Algarve, em 1946. Licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa, tendo sido professora do Ensino Secundário. Foi nessa condição que passou alguns anos decisivos em Angola e Moçambique, durante o último período da Guerra Colonial. A publicação do seu primeiro romance, O Dia dos Prodígios (1980) constituiu um acontecimento num período em que se inaugurava uma nova fase da Literatura Portuguesa. Seguiram-se os romances O Cais das Merendas (1982) e Notícia da Cidade Silvestre (1984), ambos distinguidos com o Prémio Literário Cidade de Lisboa. Mas foi com A Costa dos Murmúrios (1988), livro que reflecte a experiência colonial passada em África, que a autora confirmou o seu destacado lugar no panorama das Letras portuguesas. Entre outros romances, conta-se O Vale da Paixão (1998) galardoado com o Prémio Dom Dinis da Fundação da Casa de Mateus, o Prémio Bordallo de Literatura da Casa da Imprensa, o Prémio Máxima de Literatura, o Prémio de Ficção do P.E.N. Clube, e em 2000, o Prémio Jean Monet de Literatura Europeia, Escritor Europeu do Ano. Passados quatro anos, Lídia Jorge publicou O Vento Assobiando nas Gruas (2002), romance que mereceu o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Correntes d’Escritas.
A autora publicou ainda duas antologias de contos, Marido e Outros Contos (1997) e O Belo Adormecido (2003), para além das publicações separadas de A Instrumentalina (1992) e O Conto do Nadador (1992). A peça de teatro A Maçon foi levada à cena no Teatro Nacional Dona Maria II, em 1997. O romance A Costa dos Murmúrios foi recentemente adaptado ao Cinema por Margarida Cardoso. Os romances de Lídia Jorge encontram-se traduzidos em diversas línguas. Em 2006, a autora foi distinguida na Alemanha, com a primeira edição do Albatroz, Prémio Internacional de Literatura da Fundação Günter Grass, atribuído pelo conjunto da sua obra. Combateremos a Sombra, apresentado no dia 22 de Março, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, é o seu mais recente romance, e o Grande Prémio SPA-Millennium a sua mais recente distinção.
Em Portugal todos os seus livros têm a chancela das Publicações Dom Quixote
Em Portugal todos os seus livros têm a chancela das Publicações Dom Quixote
14 comentários:
Olá amiga!
Vim trazer-lhe o meu abraço de amizade no correr desta poesia.
Parabéns!
Olá!!!
Tudo bom??
Elvira acompanhamos todos os seus comentários e eles muito nos honram!!!Apreciamos sua visita!!!E também gostamos de todos os blogs que participa, percebe-se que você é uma mulher muito ativa, e o mundo precisa de gente assim...
Hoje você trouxe algo belo, encantador..Parabéns!!
Esperamos sua nova visita na poesia de Hoje!!
Abraços poéticos!!
Desconhecia esta faceta poética de Lídia Jorege, escritora que admiro.
Espero que a sua recuperação siga bem!
Feliz final de semana.
Gosto do blogue e vou voltar mais vezes.
Bom fim de semana
anad
Estamos aqui novamente, porque adoramos esse lugar!E não podíamos deixar de agradecer seu comentário!!
Há uma postagem especial, e você é nossa convidada especial que deve desfrutar da ilustre visita que recebemos!
Abraços!
*****
Elvira,
gosto do seus blogs que muito têm a nos presentear!
Este, particularmente, me encanta pela sua atenção em complementar com dados biográficos!
Saio sempre enriquecida! E leitura obigatória já!
Estou acompanhando seus blogs para retornar!
Belo domingo e uma semana feliz!
Beijos
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errata:
....obrigatória...
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encanta-me este teu espaço.
ainda bem que estás de volta e tudo correu bem
venho aqui matar a sede nas tuas escolhas, sempre muito bem organizadas e que deliciam.
Lídia Jorge tem esta vertente que aprecio e não vou sem partilhar contigo outro poema apesar de muito conhecido:
Meus amigos sou de vidro
Sou de vidro escurecido
Encubro a luz que me habita
Não por ser feia ou bonita
Mas por ter assim nascido
Sou de vidro escurecido
Mas por ter assim nascido
Não me atinjam não me toquem
Meus amigos sou de vidro
Sou de vidro escurecido
Tenho fumo por vestido
E um cinto de escuridão
Mas trago a transparência
Envolvida no que digo
Meus amigos sou de vidro
Por isso não me maltratem
Não me quebrem não me partam
Sou de vidro escurecido
Tenho fumo por vestido
Mas por assim ter nascido
Não por ser feia ou bonita
Envolvida no que digo
Encubro a luz que me habita
Lídia Jorge
é com ternura que deixo um abraço
beijinhos para ti e obrigada por partilhares o que é especial
lena
E a árvore de outono coberta de cerejas é linda!
Querida, hoje vi a todas as tuas moradas e deixo a ti a minha amizade e carinho
Beijinhos
Lindo poema, lindo blog.
Parabéns.
parabens pelas fotos e textos. Tudo muito bom.
Maurizio
Adoro Lídia Jorge.
Gosto muito deste espaço.
Sinto-me confortável e bem vinda.
Bj
Obrigada pela visita minha querida!
Não conhecia este poema de Lídia...muito lindo e adorei você ter posto a biografia, ficou ótimo!
Parabéns minha linda! Beijos.
Serena
Venho desejar-lhe que tudo esteja a correr bem
Um abraço.
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