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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

ANA HATHERLY


Auto-retrato

Este que vês, de cores desprovido,
o meu retrato sem primores é
e dos falsos temores já despido
em sua luz oculta põe a fé.

Do oculto sentido dolorido,
este que vês, lúcido espelho é
e do passado o grito reduzido,
o estrago oculto pela mão da fé.

Oculto nele e nele convertido
do tempo ido escusa o cruel trato,
que o tempo em tudo apaga o sentido;

E do meu sonho transformado em acto,
do engano do mundo já despido,
este que vês, é o meu retrato.

Ana Hatherly




Biografia

Poeta, romancista, ensaísta e tradutora, Ana Hatherly iniciou a carreira literária em 1958.

Tendo sido um dos principais elementos do grupo de Poesia Experimental nos anos 60 e 70, o seu trabalho está representado nas mais importantes Antologias e Histórias da Literatura Contemporânea de Portugal, Brasil, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Dinamarca, Suécia, Holanda, e República Checa.

É também autora de várias traduções para português de obras inglesas, francesas, italianas e espanholas.

Durante as últimas duas décadas, tem-se dedicado ao estudo da literatura portuguesa e espanhola do "Siglo d'Oro", tendo publicado vários ensaios e comunicações sobre o tema em várias das mais conceituadas publicações literárias de Portugal e do estrangeiro.

Licenciada pela Universidade de Lisboa e Doutorada em Literaturas Hispânicas pela Universidade de Berkeley (U.S.A.), é actualmente Professora Catedrática de Literatura Portuguesa na Universidade Nova de Lisboa e Presidente do Instituto de Estudos Portugueses da mesma Universidade. É ainda membro da Direcção do PEN Club, de que já foi Presidente.

Referenciada, a nível poético, como um dos nomes mais importantes das vanguardas portuguesas da segunda metade do século, a sua poesia reúne fortes tendências barroquizantes e visuais que a têm já levado a um apagamento de fronteiras entre expressão poética e intervenção plástica. É esse o caso, por exemplo, de Mapas da Imaginação e da Memória (1973), bem como das várias exposições que incluem desenho, pintura e colagem, realizadas em galerias e centros de exposições, como o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Museu do Chiado e Fundação da Casa de Serralves, para além das participações na Bienal de Veneza e Bienal de S. Paulo (Brasil).

Obra

Poesia

Um Ritmo Perdido. Lisboa: 1958.
As Aparências. Lisboa: Sociedade de Expansão Cultural, 1959.
A Dama e o Cavaleiro. Lisboa: Guimarães, 1960.
Sigma. Lisboa: 1965.
Anagramático. Lisboa: Moraes, 1970.
O Escritor. Lisboa: Moraes, 1975.
Poesia (1958-1978). Lisboa: Moraes, 1979.
O Cisne Intacto. Porto: Limiar, 1983.
A Cidade das Palavras. Lisboa: Quetzal, 1988.
Volúpsia. Lisboa: Quimera, 1994.
351 Tisanas. Lisboa: Quimera, 1997.
A Idade da Escrita (Lisboa, Edições Tema, 1998).
Variações (no prelo).

Ficção


O Mestre. Lisboa: Arcádia, 1963; 2ª ed., Moraes, 1976; 3ª ed,. Quimera, 1995.
Crónicas, Anacrónicas, Quase-Tisanas e outras Neo-Prosas. Lisboa: Iniciativas Editoriais, 1977.
Anacrusa. Lisboa: Edições Engrenagem, 1983.

Ensaio

O Espaço Crítico. Lisboa: Caminho, 1979.
PO.EX - Poesia Experimental Portuguesa (com E. M. de Mello e Castro). Lisboa: Moraes, 1981.
A Experiência do Prodígio - Bases Teóricas e Antologia de Textos-Visuais Portugueses dos séculos XVII e XVIII. Lisboa:
I.N.C.M., 1983.
Defesa e Condenação da Manice. Lisboa: Quimera, 1989.
Poemas em Língua de Preto dos séculos XVII e XVIII. Lisboa: Quimera, 1990.
Elogio da Pintura (com Luís Moura Sobral). Lisboa: Instituto Português do Património Cultural, 1991.
A Preciosa, de Sóror Maria do Céu. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1991.
Lampadário de Cristal, de Frei Jerónimo Baía. Lisboa: Editorial Comunicação, 1991.
O Desafio Venturoso, de António Barbosa Bacelar. Lisboa: Assírio & Alvim, 1991.
O Triunfo do Rosário, de Sóror Maria do Céu. Lisboa: Quimera, 1992.
A Casa das Musas. Lisboa: Estampa, 1995.
O Ladrão Cristalino. Lisboa: Edições Cosmos, 1997.


fonte: Ministério da Cultura e Instituto Português do Livro e da Leitura

10 comentários:

Sonia Regly disse...

Amiga,
Amoooooooooo suas doces visitinhas lá no Compartilhando as Letras.Obrigada!!!! Vc me honra muito, comenta e vários Posts.Agradeço de coração.
Que currículo rico dessa poetisa,hem??? Muito linda a poesia, obrigada por compartilhar conosco,assim vamos crescendo e conhecendo outras culturas.VALEU!!!!!!

Alexandre disse...

Fiquei fã de Ana Hatherly quando tive oportunidade de a fotografar há uns meses na Biblioteca Nacional. Ela é linda, serena, com uma magia ao alcance de poucos. E um talento, infelizmente pouco divulgado, neste país onde nem sempre se dá valor às coisas que se devem dar.

Obrigado por trazeres post completo sobre a Ana Hatherly.

Muitos beijinhos!!!

São disse...

Maria Elvira, parabéns pelo trabalho de divulgação que está realizando com tão bom critério.
E a sua recuperação, como vai?
Um grande abraço.

Sady Folch disse...

Elvira querida, peço-lhe perdão por tamanha ausência para a leitura deste blog tão bem selecionado.
Encantei-me com este soneto. É de fato lindíssimo.
Deixo-te um forte abraço.
Sady

Menina do Rio disse...

Fiquei encantada com o auto retrato. Belissima poesia de Ana que não conheço mas já passo a admirar

Um beijo pra ti Elvira

Isamar disse...

Sou fã de Ana Hatherly há muitos anos e é com muito prazer que hoje, aqui, a recordo.
Um poema lindíssimo, um género literário que muito aprecio.

Mil beijinhos

Anónimo disse...

este calor, este llanto, este dolor es mi retrato

mundo azul disse...

É um poema muito bonito! Bem construído e muito agradável de se ler... Não a conhecia...

Beijos de luz e o meu carinho!!!

gaivota disse...

fantástico poema, escrita que embeleza e traduz sentimentos vivos de pessoas vivas...
beijinhos, elvira
(como vai a recuperação? e outra cirurgia, por que motivo?..)desejo tudo do melhor, e boa recuperação

o escriba disse...

Elvira

Vim pôr em dia a leitura do seu espaço de poesia e encontrei dois nomes que só conhecia por aí mesmo e fiquei encantada com estas palavras. E também com a música!
Tudo de bom para si.

bjs
Esperança