Procuro ouvir na voz do vento
o eco perdido da minha infância.
E no riso franco das criancinhas
eu vislumbro o meu riso antigo.
Procuro nas ruas desertas e silenciosas,
o canto alegre das cirandas
e as minhas correrias do tempo recuado.
Dentro daquela avenida asfaltada,
onde rolam automóveis de luxo,
eu busco a minha ruazinha feia e pobre.
Procuro ver nas bonecas de hoje,
tão lindas, de tranças sedosas,
a bonequinha de trapo que eu embalei no meus braços.
Procuro encontrar no rosto das neocomungantes
traços de minha inocência
e a primeira emoção daquela que ficou no tempo.
Procuro descobrir, desesperada,
na face ingênua das crianças
a minha pureza perdida.
Procuro em vão, pois não encontrarei jamais
vestígios da minha infância feliz,
que os anos guardaram no seu abismo.
- Anilda Leão, em "Chão de pedras". Maceió: Caetés, 1961.
Biografia e outros poemas AQUI
15 comentários:
Boa noite de paz, querida amiga Elvira!
Que nunca percamos de vista nossa infância!
Imagem bonita e terna...
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
um coração aberto nos faz parecer felizes e despreocupados
Oi Elvira,
Não viva de reminiscências mil, pois elas embalam um passado que hoje não existe mais.
Gosto daqui
Beijos no coração
Lua Singular
Gosto poema Elvira e da saudade que despertou... recordações da infância!!!
Bj
Ficam as doces recordações da nossa infância, para aliviar por vezes as mágoas do presente. Belíssimo poema, obrigado pela partilha.
Peço desculpa da minha ausência mas ando com obras em casa e o tempo disponível é pouco. Os posts estão agendados e vão saindo.
Beijinhos
Bom dia:- Poema lindíssimo
.
Um dia feliz
Não conhecia a autora deste belo poema.
Todos procuramos memórias da nossa infância.
Um abraço Elvira.
A infância acompanha-nos sempre. As recordações do que
foi vivido são por vezes moldados pela nossa vontade do
que poderia ter sido.
abraço
Olinda
As imagens de nossa infância nos acompanharão sempre, independente do nosso presente.
Não conhecia a poeta que me deste a conhecer, Elvira. E gostei de ler tão belo poema.
Um bom fim de semana,
um abraço.
As lembranças da infância nos acompanham e são alentos para aqueles dias enevoados que quase nos tiram o chão
O poema é maravilhoso
Beijinhos poéticos
As memórias felizes que ficam sempre guardadas e nas quais encontramos força para enfrentar o Mundo...
Não conhecia a autoria; obrigada pela partilha e pelas visitas ao meu blog.
Beijos e abraços
Marta
Será bom que consigamos guardar algo de infantil em nós, sempre.
Beijinho amigo e bom fim de semana
A infância é preciosa e todos temos dela ricas lembranças. Nela mora a inocência que os anos levam. Muito bonito! Bjs.
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