Outros Natais
Onde a magia dos
Natais de outrora
O presépio dos olhos
da infância
São José, a Virgem, o
Menino
Figuras modeladas
Quase gente
A mostrar-se ao
espanto
Dos pastores que
vinham
Em fila pelo musgo dos
caminhos
Para ofertar cordeiros
e presentes.
Onde a azáfama do
rumor das mãos
Nos alguidares de
barro onde a farinha
A abóbora, os ovos, o
fermento
Tomavam forma e gosto
tão distantes.
Aonde o sono arredio
que não vinha
Nessa Noite Sagrada em
que os pinheiros
Choram saudades de
bosques e de estrelas
Sob a caruma de luzes
e de enfeites.
Onde o mistério que
seguia os passos
Dos adultos no ranger
das tábuas
Em nossos passos
furtivos de criança
Na ânsia de encontrar
em qualquer canto
De barbas e de saco o
Pai Natal.
Quantos Natais assim
em que a Família
Se reunia inteira à
grande mesa
Da sala de jantar tão
velha e gasta
Mas que nessa noite
por magia
Transformava em
cristal os vidros baços.
Quantos presépios
retidos na memória
Quantos aromas ainda a
Consoada
Quantos sons a deixar
nos meus ouvidos
Os risos, os beijos,
os abraços.
Quantas imagens
cingidas na penumbra
Desta lembrança que se
fez saudade
Dos rostos, dos
gestos, das palavras
Na lonjura das vozes e
da Casa.
Noite Divina em que
torno a ser criança
Ante o meu olhar
adulto e me desperto
Na emoção que nos traz
os anos:
O meu Natal é hoje
mais concreto
Mas muito menos
belo e mais deserto.
Soledade Martinho Costa
15 comentários:
Boa noite:- Li e reli este poema. Classifico-o numa palavra; " SUBLIME "
.
Cumprimentos
Boa noite de paz, querida amiga Elvira!
De fato, o Natal e menos em
Muitos aspectos, mas muito maior em outros.
Verdadeiras considerações sobre a Data especial
Tenha um Dezembro muito feliz#
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Um lindíssimo e verdadeiro poema de natal.
Parabéns à autora.
Bom fim-de-semana.
Beijinhos
Love.
Outros tempos de maiores sentimentos... *_*
Belíssimo poema, Elvira.
Beijinhos
Gostei desta poesia cantante, saudosa, intimista e sentida.
Bom fim de semana, Amiga.
Abraço
~~~
Tudo está em rápida mudança e a nostalgia acompanha as saudades com o encantamento na procura do musgo.
Mas dentro do coração o presépio será sempre igual
Bji Elvira
Gostei do poema de Soledade Martinho Costa porque é o meu sentir também. Para min tambén o Natal ja non é o que foi. Agora, como dí a autora, é mais "deserto, menos belo, lonjura de vozes, saudaade, penumbra" e eu engadiría, mais comercial, mais consumista, mais frívolo, menos tenro....Tanta luz, ilumina so por fora. Fan falla luzes que iluminen dentro de nós.
Aperta grande, Elvira. Felicidade sempre que se poida, no só no Natal. Grazas pela sua visita.
Sim, onde está esse Natal da nossa infância,
com os cheiros, usos e costumes tão diferentes
de agora?
Belo poema. Uma poetisa que não conhecia.
Beijo
Olinda
Um tributo a maior festa de tantos povos, Elvira!
Parabéns, Feliz Natal e grande beijo.
Jorge
BELO!
TEM POST NOVO NO MEU BLOG HOJE, DIA 11 DE DEZEMBRO.
BEIJOS SABOR CARINHO E UMA QUARTA_FEIRA DE PAZ E ALEGRIAS
OBRIGADA PELA VISITA
DONETZKA
É nessa época a gente fica mais
gentil, carinhoso e sensível,
posso assim dizer.
Quanto ao lagarto pintado na saia
me reporta à música de um patrício
seu que dizia o que te respondo no
meu blog, querida Elvira. Tá curiosa?
Volta lá...
Oi Elvira
Dormi toda tarde, não estou bem.
Só você mesma para escrever uma poesia tão linda sobre o seu Natal. Quantas reminiscências!
Beijos no coração
Lua Singular
Admiro muito a poesia portuguesa, Linda escolha,
Enviar um comentário