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domingo, 1 de dezembro de 2013

MARIA DE FÁTIMA (CHÓ DO GURI)

                 
                                                       



                                                                      INOCÊNCIA

  Já venerei dias de miséria
nos ponteiros trilhados
de um relógio sem tempo
onde cresce o meu tormento
o mesmo flash se repete
Com miúdos sem nome
a abraçar desgraças
nas ruas ...
andam aos milhares
soltando as malícias do ventre
as vozes de fome
no e mesmo instante
em cada flash
brilham as barrigas
 
destes miúdos que esperam
(sem tempo) a abraçar desgraças
contrastam com as barrigas eminentes
da gente que passa e
se escapa a escarrar luxúria
regresso odiosamente à minha infância
com impulsos incontrolados do coração
onde se encontra a muda revolta da minha aflição
vejo-me
revejo-me
nestes retratos na rua
onde o flash se repete em cada esquina
como um pedaço de mim
escondendo-me dos bocejos da noite
mas essa graça da inocência ... eu já perdi. 

Maria de Fátima



Biografia.

A obra literária da escritora angolana Maria de Fátima "Chó do Guri", intitulada "Chiquito da Camuchiba", que narra o quotidiano das crianças trabalhadoras para ajudar nas despesas domésticas, foi a vencedora do prémio Vale Flor de 2011
Chiquito é uma criança luandense, que na praia da Camuchiba, no município da Samba, em Luanda, ajudava as donas de casa que lá se dirigiam para comprar peixe, indicando as vendedoras que vendiam a um preço mais barato.
 Aqui  uma biografia completa da autora.

9 comentários:

Kalinka disse...

http://orientevsocidente.blogspot.pt/

Ai...os blogues
estão pelas ruas da amargura
...
a grande maioria
estão sem comentários
vivemos outra época
virados para outros fins
...
Elvira visitei-a no fim de semana passado, deixei um comentário e uma pergunta pessoal sobre a amiga em comum Branca, mas não obtive qualquer resposta sua.

Hoje
vim espreitar
e gostei
de mais um momento
de bela poesia que ADORO!
Obrigado pela partilha
...
sobre o meu "Oriente"
acredite que o faço
sempre com o pensamento
em si e todos aqueles
que não poderão visitar
o Oriente,
para mostrar o que existe
noutros locais do Mundo.

infelizmente
sou e serei
sempre
incompreendida
porque a sensação que tenho
é que as pessoas
NÃO ESTÃO NEM AÍ...

borrifam-se para o que
existe no mundo
apenas vegetam
não sabem VIVER.

um beijo meu .

Unknown disse...

Um poema fabuloso pela lealdade com que trata a realidade dos mais desprotegidos. Ser criança, devia ser sinónino de amor, carinho e protecção, infelizmente não o é e, há tantas abandonadas à sua sorte.
Que realidade crua!

Beijinho, Elvira.

Unknown disse...

Elvira lindo poema e parabéns as duas meninas a autora e a ti também por partilhares estas coisas lindas.
Beijos
Santa Cruz

madrugadas disse...

Gosto desta poesia que nos fere por dentro e nos deixa envergonhados numa sociedade injusta e desequilibrada.
A minha incapacidade de acabar com estes quadros de fome deixa-me ainda mais horrorizado.
Parabéns à autora que soube criar este poema.

lis disse...

Oi Elvira
Palavras que tocam no mais fundo do coração_ forte densas e tristes,
é a realidade tomando forma nas palavras da poeta,
Obrigada por partilhar,
deixo abraços

São disse...

Estamos num mundo cão...

Boa semana, amiga

Edum@nes disse...


Infelizmente acontece!
Neste mundo governado por loucos
Quanto mais a riqueza de uns cresce
Mais aumenta a desgraça de outros.

O povo permanece adormecido
Não há meio de acordar
Cada vez mais empobrecido
Já sem forças para lutar!

Os exploradores estão contentes
Se regozijam com a miséria provocada
Semeiam envenenadas sementes
Para favorecerem a desgraça!

Boa tarde para você
amiga Elvira, um abraço
Eduardo.

Olinda Melo disse...


Um poema que foca de maneira crucial o problema da Criança carente de tudo aquilo a que tem direito, de amor, de compreensão, de harmonia.

Bj

Olinda

Duarte disse...

Quanta sensibilidade e ternura no sofrer. Belo.
Agradeço a divulgação.
Aquele abraço amigo