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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

GISELA RAMOS ROSA

Nota: Esta fotos de crianças jogando à bola na Cova da Moura, é de autoria de Alfredo Muñoz de Oliveira, e foi uma das que integrou em 2009, uma exposição em Nova Iorque de mais de cem fotos e vídeos sobre a Diáspora africana no sul da Europa.

 
Na Cova da Moura
 
há crianças há mães há pais há avós
há crioulo nas vozes que ecoam como cânticos
há sorrisos que esperam peregrinos
há mãos que labutam na espessura do dia da noite
há dedos gretados pela árdua matéria
 
Na Cova da Moura
 
há claros gritos sufocados à nascença
há desejo da terra firme lá longe
na distância que o mar separa e o tempo une
no concreto chão onde se mora
há horas em que só o silêncio chora
 
 
Na Cova da Moura
 
há crianças que pedem afecto aos peregrinos
abraçam as mãos de quem as olha
enlaçam seus rostos em nossos rostos
sorriem sempre sorriem e ensinam
a olhar um outro mundo
 
Na Cova da Moura
 
há festas barcos dançando em cinturas pelas ruas
rituais da origem reiterados pelo destino
há batuques que ecoam aquela África
há danças em que só o corpo fala
há mulheres que perdem filhos no asfalto
há mulheres que vestem seus trajes e sobem ao palco
e com o som que percutem nas tchabetas (batuques)
sua alma retempera e renova sua acção
 
Na Cova da Moura
 
há cânticos que dizem vidas duras
há ecos de crioulo pelas ruas
há sorrisos mãos e dignidade
 
Gisela Ramos Rosa 


Biografia

Gisela Maria Gracias Ramos Rosa nasceu a 13 de Janeiro de 1964 em Lourenço Marques, a actual cidade de Maputo em Moçambique. Artista de múltiplos talentos, Gisela escreve, pinta, fotografa sempre com um olhar atento e critico.  Gisela é sobrinha do grande poeta algarvio, António Ramos Rosa. Podia escrever muito mais sobre a autora, porém convido-vos a visitar a sua página.  
Aqui poderão não só saber mais sobre a autora como ler outros poemas.


8 comentários:

Unknown disse...

Olá

Gosto da fotografia, porque mostra que é possível:

Brincar;
Enquadrar o crescimento das crianças com actividades lúdicas;
Evitar que os bairros das periferias das grandes metrópoles caien numa sórdida guetização e na violência e degradação gratuitas.

Bsj

Isamar disse...

Um poema que revela a sensibilidade da autora ( pensava que fosse filha do farense António Ramos Rosa) e lança um grito, um apelo, sobre estes bairros periféricos das grandes cidades, onde vivem tantas famílias em condições infra-humanas. Espero que acabem de vez com esta e outras situações semelhantes porque só a escolaridade obrigatória não é suficiente.
Excelente escolha( poema e foto), Elvira!

Bem-hajas!

Beijinhos

Elvira Carvalho disse...

Isamar.

Pois não é filha mas sobrinha segundo as minhas pesquisas. E é uma excelente poet(isa)a.
Obrigada
Um abraço e bom Domingo

São disse...

Gostei muito de conhecer esta poesia!

O meu agradecido abraço

Branca disse...

Que bom Elvira ter-nos trazido aqui a Gisela. Há muito que a acompanho nos seus blogues e também pelo Facebook, é sim uma mulher de múltiplos talentos e é muitoi interessante lê-la ou ver as suas fotos no blog "A linguagem dos rostos".

Beijinhos
Branca

Branca disse...

Eu só conhecia da Gisela Ramos Rosa o que referi atràs e a "A MatriZ dos sonhos", fiquei agora a conhecer mais.
Obrigada.
Branca

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Olá amiga Elvira!

Obrigada por me dar a conhecer mais uma excelente poetisa.

Como sei da sua admiração pela Maria José Areal, gostaria muito de a convidar a vir ao Minho, mais exactamente a Campos- Vila Nova de Cerveira no dia 9 de Setembro pelas 21,30.
Dia da Poesia no Centro de Cultura.
Ainda está a tempo de nos dar a honra da sua presença e conhecer pessoalmente a Maria José.

Beijinhos

Sandra Puff disse...

Olá, Elvira...
Quero agrdecer sua visita ao blog Sapatinhos da Dorothy e suas palavras de carinho.
Já sou sua seguidora.
Gostei de seu espaço...dos vários autores. Parabéns!
Abraço carinhoso.
Sandra