Monumento a Alfonsina Storni
Diante do mar
Tradução de José Agostinho Baptista
Oh, mar, enorme mar, coração feroz
de ritmo desigual, coração mau,
eu sou mais tenra que esse pobre pau
que, prisioneiro, apodrece nas tuas vagas.
Oh, mar, dá-me a tua cólera tremenda,
eu passei a vida a perdoar,
porque entendia, mar, eu me fui dando:
"Piedade, piedade para o que mais ofenda".
Vulgaridade, vulgaridade que me acossa.
Ah, compraram-me a cidade e o homem.
Faz-me ter a tua cólera sem nome:
já me cansa esta missão de rosa.
Vês o vulgar? Esse vulgar faz-me pena,
falta-me o ar e onde falta fico.
Quem me dera não compreender, mas não posso:
é a vulgaridade que me envenena.
Empobreci porque entender aflige,
empobreci porque entender sufoca,
abençoada seja a força da rocha!
Eu tenho o coração como a espuma.
Mar, eu sonhava ser como tu és,
além nas tardes em que a minha vida
sob as horas cálidas se abria...
Ah, eu sonhava ser como tu és.
Olha para mim, aqui, pequena, miserável,
com toda a dor que me vence, com o sonho todos;
mar, dá-me, dá-me o inefável empenho
de tornar-me soberba, inacessível.
Dá-me o teu sal, o teu iodo, a tua ferocidade,
Ar do mar!... Oh, tempestade! Oh, enfado!
Pobre de mim, sou um recife
E morro, mar, sucumbo na minha pobreza.
E a minha alma é como o mar, é isso,
ah, a cidade apodrece-a engana-a;
pequena vida que dor provoca,
quem me dera libertar-me do seu peso!
Que voe o meu empenho, que voe a minha esperança...
A minha vida deve ter sido horrível,
deve ter sido uma artéria incontível
e é apenas cicatriz que sempre dói.
Alfonsina Storni
Biografia
Nascida na Suiça, emigrou com os seus pais para a província de San Juan, na Argentina em 1896, Em1901, muda-se para Rosário, (Santa Fé), onde tem uma vida com muitas dificuldades financeiras. Trabalhou para o sustento da família como costureira, operária,atriz e professora.
Descobre-se portadora de cancro no seio em 1935. O suicídio de um amigo, o também escritor Horácio Quiroga, em 1937, abala-a profundamente.
Em 1938, três dias antes de se suicidar, envia de um hotel de Mar del Plata para um jornal, o soneto “Voy a Dormir”. Consta que suicidou-se andando para dentro do mar — o que foi poeticamente registrado na canção "Alfonsina y el mar", gravada por
ercedes Sosa; seu corpo foi resgatado do oceano no dia 25 de Outubro de 1938. Alfonsina tinha 46 anos.
texto retirado da net
Nesta página encontrará uma biografia completa , bem como alguns poemas:
http://www.cervantesvirtual.com/bib_autor/Alfonsina/
10 comentários:
Gosto muito dos poemas de Alfonsina, mas conheço poucos dela. Muito bonito esse.
Um abraço e boa semana
Mais um belo momento aqui colocado de mais um artista nas palavras, belo poema, e arte na escrita e assim vais divulgando o que bem gosras de dar a conehcer.
Bjs amiga tem uma boa noite,
Nuno
a imagem é linda e inspiradora, e uma historia de vida que faz a gente valorizar a vida!
obrigada pelas visitas no meu cantinho.
Um poema arrebatador cujo tema é uma grande paixão na minha vida.Não viveria sem esta grande força da Natureza que um dia será meu leito eterno.
Beijinhos mil
Bem-hajas!
Adorei a partilha!!!Obrigada por ela!!!Jinhos muitoooos
Bom dia minha amiga, passando pra dizer que tem um selinho pro teu blog ok?
Se quiser e quando puder pegue-o na galeria de selos na barra lateral do meu blog.
Um grande beijo e um grande dia pra ti.
E como estão teus pais? Espero que bem...bjs.
Um nome que não me é totalmente desconhecido. No entanto não conhecia qualquer poema de Alfonsina.
fica bem.
Felicidades.
Manuel
Elvira,
Adoro suas visitinhas e comentários. Obrigada por me honrar com suas visitinhas.Beijão
Alfonsina escreve maravilhosamente bem, vc fez um apanhado de sua história, muito bom.
um poema cheio de garra de uma mulher sanjuanina! sabes como adoro a argentina, buenos aires, san juan (que conheço muito bem)
y se fué a dormir, en la mar de la plata...
beijinhos
Elvira, não conheca nada de Alfonsina, mas este poema mostra a força de uma grande poetisa!
Deixo-te um beijo e que tua semana seja perfeita!
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