O lírio prateado
As noites ficaram frias de novo, como as noites
de começo de primavera, e quietas de novo. Será
que a conversa te incomoda? Estamos
sozinhos agora; não temos razão para silêncio.
Vês, sobre o jardim — a lua cheia nasce.
Não verei a próxima lua cheia.
Na primavera, quando a lua nascia, significava
que o tempo era infinito. Anêmonas
abriam e fechavam, as sementes
em cachos caíam dos bordos em pálidas lufadas.
Branco sobre branco, a lua nascia sobre o vidoeiro.
E no arco em que a árvore se divide,
folhas dos primeiros narcisos, ao luar
prata-verde-claras.
Juntos, chegamos perto demais do fim para agora
temermos o fim. Nessas noites, não estou nem mesmo certa
de que sei o que significa o fim. E tu, que estiveste
com um homem —
depois dos primeiros gritos,
não faz a alegria, como o medo, barulho algum?
(Tradução de Maria Lúcia Milléo Martins)
Biografia AQUI
11 comentários:
Oi Elvira,
Que texto maravilhoso, cheio de amor e natureza.
Beijos no coração
Lua Singular
Boa noite Elvira. Lírio e poesia. Combinação perfeita e maravilhosa.
Sempre existe poesia
No teu espaço Elvira!
Sente-se o planger da lira
Como por certa magia
Que comove e irradia
Certa energia amorosa
De ação misteriosa
Anímica da alma tua,
Elvira! Tu és como a lua
Brilhas discreta e ciosa!
Abraço cordial! Laerte.
~~
Poesia diáfana e purissima!
Da que eu gosto...
Grata pelos ótimos momentos de leitura.
Abraço
~~~~
E o tempo é ou não infinito?
Um poema que levanta muitas questões...
Não conheço o trabalho da poetisa e estou muito curiosa em saber mais.
Em relação à questão, sim, a Margarida é uma personagem nova, falo dela quando descrevi a briga que houve entre o Gustavo e o ex-namorado da Júlia.
Talvez seja a namorada ideal para o Gustavo, já que parece ser uma pessoa determinada.
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Fantástico, obrigada pela partilha! :))
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Inocência confinada...
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Beijos e um excelente dia!
Também gosto!!!
Boa noite🙏
Apesar de ter recebido o Nobel da Literatura, além de outros grandes prêmios, eu não a conhecia. Li a biografia que você indicou e fiquei encantada com o poema que escolheu para a postagem. Bjs.
O texto revela um eu-lírico que se conforma com a inevitabilidade do fim, ante a mutação constante da natureza, que sempre se renova e regressa em força.
Abraço poético.
Uma linda leitura, que nos leva ao criar das imagens numa conversa de encantamento diante das belezas e delicadezas desta natureza.
Poesia é vida e no silêncio profundo o mergulho no eu. Show de escolha.
Grato.
Bjs no coração.
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