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quinta-feira, 9 de abril de 2020

CLÁUDIA ROQUETE-PINTO





O DIA INTEIRO
O dia inteiro perseguindo uma idéia:
vagalumes tontos contra a teia
das especulações, e nenhuma
floração, nem ao menos
um botão incipiente
no recorte da janela
empresta foco ao hipotético jardim.
Longe daqui, de mim
(mais para dentro)
desço no poço de silêncio
que em gerúndio vara madrugadas
ora branco (como lábios de espanto)
ora negro (como cego, como
medo atado à garganta)
segura apenas por um fio, frágil e físsil,
ínfimo ao infinito,
mínimo onde o superlativo esbarra
e é tudo de que disponho
até dispensar o sonho de um chão provável
até que meus pés se cravem
no rosto desta última flor.


Biografia     AQUI

7 comentários:

" R y k @ r d o " disse...

Poesia de alto nível. Profundo e poético...A vida é mesmo composta por um ténue fio... tão frágiul

Feliz semana Santa

Cidália Ferreira disse...

Muito bem!
Um poema muito bonito!
-
Primavera em quarentena ...
-
Beijo e uma excelente semana. "Proteja-se"

Gracita disse...

A vida é como um fio tênue e efêmero
E o momento pede cuidados!
Muito lindo e profundo este poema
Beijinhos querida, Elvira

O meu pensamento viaja disse...

Gostei tanto deste poema que nem sei como o comentar. Merece uma leitura atenta, um desbravar de cada palavra.

Mar Arável disse...

... e assim nos prendemos

por um fio que nos transporta
transportamos

Bj

Ulisses de Carvalho disse...

Que poema lindo! Não conhecia e gostei muito de conhecer. Um abraço.

Anete disse...

Um poema profundo e realista, forte e rasgante!
Gostei de ler, Elvira...
Meu carinho