Foto do jornal Expresso
Sem abrigo
Ficou ali
Debaixo de uma escada
Tirou dos sacos uma manta usada
Que estendeu no chão
Fez um ninho de cão
Com palha e farrapada
Cobriu-se com jornais
(Que até falavam dele
E outros tais
Pois cada vez há mais!)
Fez um docel
Com uma velha pele
Rafada
Encomendou-se ao Nada
E dormiu
A cidade, passando açodada
Não via nada
E a familia
Fingia que não o conhecia…
Ali ficou até anoitecer
Viriam as senhoras a oferecer
Sopinha quente e uma maçã
Só para confortar
E ele irá guardar
Em cada mão
Um pão
Para comer de manhã
Se acordar…
Debaixo de uma escada
Tirou dos sacos uma manta usada
Que estendeu no chão
Fez um ninho de cão
Com palha e farrapada
Cobriu-se com jornais
(Que até falavam dele
E outros tais
Pois cada vez há mais!)
Fez um docel
Com uma velha pele
Rafada
Encomendou-se ao Nada
E dormiu
A cidade, passando açodada
Não via nada
E a familia
Fingia que não o conhecia…
Ali ficou até anoitecer
Viriam as senhoras a oferecer
Sopinha quente e uma maçã
Só para confortar
E ele irá guardar
Em cada mão
Um pão
Para comer de manhã
Se acordar…
Maria Augusta Ribeiro
Biografia
Maria Augusta Ribeiro, é uma poetisa de Mirandela. Tem quatro livros publicados e participações em antologias de poesia, como a de poesia contemporânea, "ENTRE O SONO E O SONHO" deste ano. Tem um blogue AQUI
6 comentários:
Parabéns antes de mais pela sua actualidsima e bela poesia
No mesmo timbre a poesia da nossa poeta de hoje . Parabéns para ela e obrigada por partilhar , Elvira
Bji
Linda poesia escolheste. Triste, real, linda! bjs, chica
Uma dura e triste realidade.
Excelente escolha.
Beijinhos
Maria
Como é triste ver os desabrigados. E aumentam a cada dia. Mais doído ainda é saber que alguns são abandonados pela família. Gostei de conhecer a autora. Bjs.
Boa tarde, Elvira! Cheguei!!!
Essas poesias que narram a realidade são tão cheias de sentimento que não há como não tocar o coração...
Infelizmente, há tantos assim. Aqui em São Paulo, alguns dormem até embaixo do "impostômetro", é revoltante. Vemos a quantidade de dinheiro arrecadado e tantos sem ter o que comer ou onde morar. Que bom que sempre podemos estender a mão e dividir com que está perto.
Abração esmagador e ótimo final de semana.
Um poema triste como é triste a realidade de tanta gente que nada tem, para outros terem tanto. Beijos com carinho
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