RASGOS DE LOUCURA
Apetece-me correr. correr,
num grito desvairado. assustar medos.
não parar. castigar o corpo. martirizá-lo,
até à exaustão. apetece-me correr, correr, correr...
acabaria num choro,
prostrada no chão. sem forças.
cada passada seria um grito mudo... porque me apetece gritar.
cada passada seria um desabafo... porque me apetece desabafar.
deste fogo... que não consigo apagar.
tu. que me queimas.
importa se não é o que queres?! é o que sinto.
como esta vontade enorme de gritar.
a noite não me traz a calma do sono.
o descanso dos pensamentos.
a noite nada me traz a não ser eu mesma... outra vez!
num corropio de ideias sem nexo. electrizantes.
uma mistura de frases incompreensíveis. como tu.
um desassossego que acabaria no fundo de um abismo. numa opção de paz eterna.
eu corro. Desmedidamente, desvairadamente, ofegantemente, exaustivamente, loucamente, arrebatadamente... para calar os gritos.
e não calo!
o nó que trago na garganta não se desaperta. prende-se, a cada grito. mais!
afogo-me no ar que respiro. sufoco no excesso de luz que me persegue.
apetece-me correr. correr, correr, correr... apetece-me não parar até o meu corpo rebentar.
Luísa Azevedo
Biografia
Luísa Azevedo nasceu em Lisboa, a 2 de Setembro de 1964 e vive no Porto desde 1972.
Licenciada em Engenharia Têxtil pela Universidade do Minho, gere desde 1990 uma empresa de mobiliário e decoração.
Publicou em Dezembro de 2008 o livro infantil de poesia "Faz de conta...és poeta!" que ilustrou com o seu filho mais velho.
Participou em Julho de 2009 no 2º volume da antologia de poesia "Entre o sono e o sonho".
Acaba de sair o seu livro "pin uma explicação de ternura" da editora Edita_me.
Que a autora apresenta assim.
"Pin Uma explicação de ternura Ternura (muita), e as palavras que dela nasceram... momentos (muitos) que explica no bater do coração e no brilho do olhar. Ternura... este livro é apenas uma das suas muitas explicações.
Nasci de mão dada com a ternura, com ela cresci, me fiz gente. Aprendi a acarinhá-la, a guardá-la entre os dedos. Semeio-a, com a ajuda do vento. Sacio-lhe a sede, com lágrimas doces. Vejo-a tornar-se maior sem sobejar. Bebo de toda a que me oferecem e entrego-a, na mão de quem a queira de mim beber. Este livro reflecte o que hoje sou. Espero que possa transmitir-vos a serenidade e a ternura que sinto quando escrevo."
A autora tem um blogue que pode visitar AQUI
9 comentários:
É a segunda vez que encontro a autora e fiquei com boa impressão.
Um beijinho.
lindissimo, minha amiga! para a semana (já aviso) vou pôr a gaivota... tem que ser!
está muito bonito o livro da luísa!
beijinhos
Lindissimo e fui...espreitar e gostei!!
Um beijo e bom fim de semana.
Graça
Amiga Elvira,
Impressionante!
Até fiquei cansada, tanta força, tanta coragem, tanto desespero.
Abraços
Ná
olá elvira
desculpa a demora na visita e no agradecimento... faço-o hoje de forma sentida. é para mim uma honra aparecer no meio de outras mulheres que para este blog seleccionas. muito obrigada!
um abraço
luísa
Escrevi antes para uma amiga que quando há vários bloggers acabo optando sempre pelo primeiro que conheci para comentar, mas os leio e aprecio muito. Gosto deste teu trabalho de nos apresentar as novas poetisas contemporâneas. Este poema da Luiza é muito bonito!
beijo, linda semana
Uma forma de escrita angustiante e dolorosa, mas lindamente desabafada nesses gritos. Não conhecia Luisa Azevedo.
Fica um beijo pra ti, Elvira e me perdoe a ausência.
Minha querida Elvira,
sempre a escolher belos poemas e dividir conosco, bjs
António sentiu,
Um dos mais belos livros que li, um fino fio de teia que me prendeu.
Um beijo p a Luísa
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