A arte de ser feliz
Houve um tempo em que minha janela se
abria sobre uma cidade que parecia ser
feita de giz. Perto da janela havia um
pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra
esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas
todas as manhãs vinha um pobre com um
balde, e, em silêncio, ia atirando com a
mão umas gotas de água sobre as
plantas. Não era uma rega: era uma
espécie de aspersão ritual, para que o
jardim não morresse. E eu olhava para as
plantas, para o homem, para as gotas de
água que caíam de seus dedos magros e
meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o
jasmineiro em flor. Outras vezes encontro
nuvens espessas. Avisto crianças que vão
para a escola. Pardais que pulam pelo
muro. Gatos que abrem e fecham os
olhos, sonhando com pardais. Borboletas
brancas, duas a duas, como refletidas no
espelho do ar. Marimbondos que sempre
me parecem personagens de Lope de
Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes,
um avião passa. Tudo está certo, no seu
lugar, cumprindo o seu destino. E eu me
sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas
felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas
não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar,
para poder vê-las assim.
Este é um blog de poesia no feminino. Tenho tentado mostrar aqui grandes vultos da poesia feminina, mas também grandes valores que são quase desconhecidos, da maioria dos meus visitantes. Hoje dia 7 de Novembro comemora-se o aniversário de nascimento de Cecília Meirelles, grande vulto da poesia brasileira, melhor dito, grande vulto da poesia de lingua portuguesa. Por isso este blog associa-se a esta homenagem, repetindo uma poeta (não gosto do termo poetisa) que já tinha publicado no dia 29 de Maio com a "Balada das dez bailarinas do cassino"
Houve um tempo em que minha janela se
abria sobre uma cidade que parecia ser
feita de giz. Perto da janela havia um
pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra
esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas
todas as manhãs vinha um pobre com um
balde, e, em silêncio, ia atirando com a
mão umas gotas de água sobre as
plantas. Não era uma rega: era uma
espécie de aspersão ritual, para que o
jardim não morresse. E eu olhava para as
plantas, para o homem, para as gotas de
água que caíam de seus dedos magros e
meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o
jasmineiro em flor. Outras vezes encontro
nuvens espessas. Avisto crianças que vão
para a escola. Pardais que pulam pelo
muro. Gatos que abrem e fecham os
olhos, sonhando com pardais. Borboletas
brancas, duas a duas, como refletidas no
espelho do ar. Marimbondos que sempre
me parecem personagens de Lope de
Vega. Ás vezes, um galo canta. Às vezes,
um avião passa. Tudo está certo, no seu
lugar, cumprindo o seu destino. E eu me
sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas
felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas
não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar,
para poder vê-las assim.
Este é um blog de poesia no feminino. Tenho tentado mostrar aqui grandes vultos da poesia feminina, mas também grandes valores que são quase desconhecidos, da maioria dos meus visitantes. Hoje dia 7 de Novembro comemora-se o aniversário de nascimento de Cecília Meirelles, grande vulto da poesia brasileira, melhor dito, grande vulto da poesia de lingua portuguesa. Por isso este blog associa-se a esta homenagem, repetindo uma poeta (não gosto do termo poetisa) que já tinha publicado no dia 29 de Maio com a "Balada das dez bailarinas do cassino"
A quem interessar, nesse poste de 29 de Maio, encontrarão uma extensa biografia de Cecília Meirelles.
12 comentários:
Esperando que se esteja sentindo a recuperar bem, digo-lhe que gosto da sua homenageada.
Um beijo, Maria Elvira.
Sensível E BELA HOMENAGEM...
Beijoooooooo
Estou a fazer a minha estreia com esta autora. Não conhecia, mas como queria participar, procurei na internet onde encontrei muita coisa. Agora vou enriquecendo com o que vou lendo nas blogagens. Muito boa a poetisa.
Abraços
Obrigada pelo convite, apareça quando quiser, no meu canto tem um pouco de tudo. O objectivo era a arte em geral o que claro engloba também poesia, mas acabei por acrescentar mais uma coisa aqui e outra ali. Vai indo. Já vi que é do Barreiro eu sou do Porto. Abraços
*****
Hoje não farei nada mais que navegar pelos lindos mares e deleitar-me com as homenagens prestadas à querida poetisa!
Parabéns pelo lindo post! Um esplendor sua escolha, que tanto exprime a obra de Cecília Meireles!
Grande abraço.
*****
Merecidamente!!
beijos em ti amigo
Não conhecia e foi no blog da nossa boa amiga e mãe Guerreira a Odele que vi dois doemas desta senhora e agora aqui continuo a conhecer mais um pouco, belo momento aqui. Obrgado pelo teu post.
Bjs
Nuno
Olá Elvira tudo bem?
Estou navegando para conhecer blogs e firmar parcerias de divulgação de link.
se quiser conhecer meus blogs está feito o convite:
http://valterpoeta.blogspot.com
http://poetacards.blogspot.com
E parabéns pelo belíssimo blog, abraços e pelo dia de Cecília.
Hola amiga, paso a conocer una mujer y sus poemas... bellisimo.
Te abrazo desde Buenos Aires.
MentesSueltas
Elvira,
obrigado pela visita e comentário,
pode me linkar sim
vou divulgar seu link no meu blog também.
saudações poéticas!
Querida Elvira,
Foi muito bom ter você nessa blogagem coletiva. Foi muito bom conhecer você e o seu blog através da blogagem coletiva.
Obrigada por ter dedicado um espaço em seu blog para homenagear Cecília.
Gosto muito da crônica que você escolheu. Olhe essa parte:
"Mas, quando falo dessas pequenas
felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim."
É preciso aprender a olhar ...
Segundo Cecília, a arte de ser feliz passa pela maneira como vemos o mundo. Passa pelo nosso olhar.
Lindo ! Cecília é demais!!!
Elvira, mais uma vez obrigada.
Fiquei muito feliz com a sua companhia.
Mil beijinhos!
Com carinho,
Leonor Cordeiro
La ringrazio per intiresnuyu iformatsiyu
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