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domingo, 9 de setembro de 2018

CEIFEIRAS JAMAIS

Aqui a autora declama um dos seus poemas. Não o Ceifeiras, que não consegui encontrar.



Ceifeiras !
Jamais!
Há um cante envolto em pranto, que lembra um tempo sem volta!
Mas que vai ganhando um outro encanto, pondo de lado a revolta!
Nossos pais sofreram tanto, nossos avós ainda mais!
Nós, nós fugimos a esse pranto, p’ra não ouvirmos seus ais
Homem que foi terra foi barro, em pleno campo criado
Comeu as sopas no tarro, levou aos ombros seu fardo!
Vamos olhar de outro jeito, o progresso em caminhada
Para aliviar o peito, desta gente amargurada!
Nossos campos ainda lá estão, as searas até o gado
Mas ceifeiras, essas não, foram escravas do passado!
Ainda o sobreiro dá sombra, e a cortiça que é riqueza
Arvore que a todos deslumbra, de raiz bem portuguesa...
Ainda há regatos correndo, e há ribeiras naturais
E a chuva que Deus vai mandando, p’ra dar vida aos cereais!
Ainda se ouvem cantar os rouxinóis na ribeira
Os pardais; a chilrear em alegre cavaqueira.
Ainda há lírios, alecrim, papoilas, planícies de trigais
Codornizes, perdizes rolas, mas as ceifeiras? Jamais…
Alegra-te meu amigo, olha a alvorada, outro dia
Anda vem cantar comigo as cantigas d’álegria
Saudades sim porque não, mas passado nunca mais
Pois marcou uma geração de dores misérias e ais
O mundo está em mudança, hoje a vida tem outro fado!
Nova canção! Outra dança!
Pois o passado é passado...

Rosa Dias


Biografia

Joaquina Rosa Pedreiro Guerreiro Dias, mais conhecida por Rosa Dias, nasceu em Elvas na maternidade Mariana Martins, em 26-9-1947.
 Sendo baptizada e registada em Campo Maior Vila de concelho, do alto Alentejo, onde cresceu e frequentou a escola primária do Bairro Novo, e onde completou a quarta classe. Logo que saiu da escola começou a trabalhar numa torrefacção de Café, pertencente ao Sr. João Ensina, onde começou a ganhar 25 tostões por dia, e onde esteve pouco tempo, pois logo começou a trabalhar como empregada doméstica, vindo aos 13 anos para Lisboa, onde continuou no mesmo ramo.
Conheceu o seu grande amor com quem viria a casar aos dezassete anos e com quem ainda vive até aos dias de hoje.

Mais Aqui
Podem também visitar o blogue da poetisa  Aqui

7 comentários:

chica disse...

Que belo momento poético trouxeste,Elvira. Lindo de ver e ouvir! beijos, ótimo domingo! chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei bastante, não conhecia a Rosa Dias uma agradável surpresa.
Um abraço e bom Domingo.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Janita disse...

Uma bela poesia que me encheu a alma de lembranças e de uma certa nostalgia.

Já não há ceifeiras, como já não há outras profissões que ficaram perdidas no tempo. As máquinas acabaram com elas, mas nenhuma outra profissão terá sido mais árdua do que foi a de ceifar trigo, centeio e cevada.

Não conhecia a poetisa e gostei.
Obrigada, Elvira.

Um abraço.

HD disse...

Uma geração e uma vida muito dura...
Abraço

Os olhares da Gracinha! disse...

Desconhecia mas gosto!!! Bj

Boris Estebitan disse...

Cantar y vivir con alegría, lindo poema. Saludos desde El Blog de Boris Estebitan.

Maria João Brito de Sousa disse...

Ainda não conhecia este seu blogue, Elvira, nem a poesia de Rosa Dias, que muito gostei de ler e ouvir.

Forte abraço.