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segunda-feira, 25 de abril de 2016

ERMELINDA DUARTE


Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.

Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.

Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".

Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.

Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.

Cantora compositora, Ermelinda fez grande sucesso com esta canção no pós 25 de Abril.
Depois parece ter preferido o anonimato e ter-se dedicado à dobragem de filmes e séries.

6 comentários:

madrugadas disse...

Este grito continua a viver-se hoje no silêncio dos campos,
Continua a viver-se no pão que nos roubam,
Continua a rasgar-nos nos insultos que nos gritam,
Vociferando palavras vazias de respeito,
Vazias de educação, saúde, justiça e igualdade.
Armaduras que os protegem, mas nos pisam e nos calam.

chica disse...

Linda letra e poesia bem cabe à data! bjs, linda semana, tudo de bom,chica

Unknown disse...

Olá, Elvira.
"Grito vermelho num campo qualquer" - tantos gritos que ainda precisam tomar voz.
Tenhamos coragem, amiga Elvira.
um bj amg

Teresa Brum disse...

Linda poesia, lindo grito, parabéns pela escolha querida Elvira.
Grande beijo em seu coração e grata por sua doce visita.

LopesCaBlog disse...

Gostei da partilha :)

Fê blue bird disse...

Amiga Elvira, quantas vezes cantei este poema que era quase um hino à liberdade.
Acontece escrevermos um poema único e nunca mais conseguimos igualá-lo.
Vou fazer uma pequena pausa no meu blogue até conseguir retribuir todas as visitas e comentários em atraso.

Um beijinho e até breve.